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Texto do episódio
02

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 10, 34–11, 1)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada. De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra.

E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.

Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim vai encontrá-la. Quem vos recebe a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo.

Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”. Quando Jesus acabou de dar essas instruções aos doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles.

Com grande alegria recordamos hoje um casal santo: os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, São Luís e Santa Zélia Martin, dois grandes santos que tiveram a graça de santificar a filha mais nova e de entregar as outras quatro à vida religiosa. É importante notar desde o início o seguinte. Muita gente acha que São Luís e Santa Zélia foram santos porque eram pais de Teresinha. É exatamente o contrário. Teresinha foi santa porque era filha de São Luís e Santa Zélia. Afinal, os dois foram santos primeiro que ela. É claro que Teresinha, quanto à grandeza espiritual — por aquilo que se vê na sua vida: os sinais extraordinários, as graças alcançadas, a sublimidade de sua doutrina, acolhida pela Igreja, que lhe deu até o título de Doutora. —, é mais santa que seus pais; porém, ela foi educada num lar cristão, onde pôde conviver com outros santos. Santa Zélia, uma grande santa, conviveu pouco com Teresinha. Como todo mundo sabe, Zélia morreu de câncer quando Teresinha tinha apenas quatro anos. Aí está a grande prova: Teresinha ainda não tinha juízo nem sabia o que estava acontecendo no mundo, e sua mãe já era santa e estava no céu. É por isso que ela diz: “Deus bondoso me deu pais que eram mais dignos do céu do que da terra”. Certamente, a virtude desse casal nos deve iluminar. 

Dito isso, vejamos alguns pontos essenciais, para que tenhamos verdadeira devoção a São Luís e Santa Zélia e possamos tirar daqui algum fruto espiritual. Primeiro: a conformidade com a vontade de Deus. São Luís e Santa Zélia, dois cristãos muito virtuosos já no início da vida, quiseram consagrar-se a Deus na vida religiosa. Santa Zélia procurou o convento, mas foi rejeitada por causa da saúde frágil. São Luís também chegou a visitar um mosteiro, o Grand Saint Bernard, mas ele já era “velhote” para a época, isto é, um adulto maduro, além de não saber latim, por isso os padres o rejeitaram. Mas, ao invés de revoltar-se contra Deus, como poderiam ser tentados a fazer, os dois se santificaram ainda mais. Deus, no seu desígnio de amor, permitiu-lhes ser humilhados, porque não deixa de ser uma humilhação tentar consagrar-se a Deus na vida religiosa, e ser descartado. Eles foram humilhados, mas os humildes é que são exaltados. Aceitaram os fatos e viram que a vontade de Deus os chamava ao matrimônio. Eles se casaram no dia de hoje, 12 de julho, razão por que são celebrados na mesma data. Após o casamento, ainda tentaram imitar de alguma forma a vida religiosa. Durante os primeiros nove meses, viveram o celibato. Embora fossem esposos e tivessem direito ao uso do matrimônio, decidiram-se pela virgindade e viveram assim por quase um ano, até que um diretor espiritual os fez ver que aquilo não estava certo. Por quê? Porque tinham a missão de trazer ao mundo filhos para a glória de Deus. Foi exatamente o que fizeram. Vendo que o fim primário do casamento é a prole, ou seja, é o nascimento e a educação dos filhos, eles se abriram generosamente à vida e tiveram nove filhos. Desses, quatro morreram em tenra idade: dois meninos e duas meninas. A chaga de terem perdido quatro filhos também foi para eles causa de santificação e provação; mas, com a graça de Deus, puderam acolher esses filhos até o nascimento, levá-los à pia batismal, onde foram feitos filhos de Deus (não somente filhos deles) e conduzi-los ao céu.

Sobreviveram outras cinco meninas, das quais quatro foram carmelitas. Uma delas é a conhecida Teresinha; outra foi uma visitandina que está, inclusive, em processo de beatificação. Das irmãs de Teresinha, Leônia é a única que está a caminho dos altares. Daí se vê que a família Martin era verdadeiramente virtuosa. Com a morte de Santa Zélia, São Luís teve de educar cinco meninas, por isso procurou sua concunhada, a esposa do irmão da sua mulher, Isidoro, para que ela o ajudasse na educação das crianças. Era alguém de confiança, com valores cristãos e capaz de dar a elas uma identidade de mulher de Deus. O projeto deu muito certo, porque as cinco se tornaram religiosas. 

Deus quis provar São Luís também com a doença. A partir da contaminação de uma varejeira, Luís contraiu uma infecção de origem bacteriana que causou nele certa demência, o lhe tirava a lucidez; mas, mesmo carregando a vergonha de uma doença mental e internado num sanatório, São Luís, que nos seus momentos de lucidez continuava a ser um grande servo de Deus, carregou aquela humilhação de forma generosa e heroica. Hoje, no céu, esses dois santos intercedem por nós e são exemplo de quem, na vida cristã, soube carregar a cruz de Cristo no dia a dia: Santa Zélia, que sofreu muito com o câncer; São Luís, que sofreu ao entregar as cinco filhas à vida religiosa, obrigado a carregar a cruz da doença no fim da vida. Como Deus faz maravilhas: um casal de verdadeiros santos! O Senhor tinha para eles os seus desígnios. No meio de tantas “aventuras”, sofrimentos e contrariedades, havia por trás uma mão invisível, bondosa e extraordinária, de forma que Teresinha, no fim da vida, pôde escrever ao padre Adolfo, seu irmão espiritual: “Tenho certeza de que, na nossa vida, até os mínimos detalhes são pensados por Deus na sua divina Providência”. — Que São Luís e Santa Zélia intercedam por nós!

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