Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 16, 9-15)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores: porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Os fariseus, que eram amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e riam de Jesus. Então, Jesus lhes disse: “Vós gostais de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”.
S. Martinho de Tours, cuja memória a Igreja hoje celebra, passou por todos os estados de vida até chegar àquele estado de santidade em que o encontrou o termo da vida. Ainda leigo e soldado romano, S. Martinho já começava a dar mostras daquela caridade que, de ano em ano, ir-se-ia desabrochando em seu coração até chegar à plena maturidade de Cristo. De origem pagã e oriundo da Panônia, Martinho batizou-se com cerca de dezoito anos, tornou-se eremita pouco depois e, após um período dedicado à vida monástica, fundou na província da Gália o mosteiro de Ligugé, a instâncias de ninguém menos que S. Hilário de Poitiers. Devido ao clamor popular, foi sagrado bispo no ano de 371, ainda que a contragosto. Já no fim da vida, foi-lhe revelado o dia de sua morte. Chegado, porém, o momento de partir deste mundo, viu com tanto pesar a necessidade, os lamentos e a desolação de seus filhos espirituais, a quem se via obrigado a abandonar, que rogou a Deus lhe concedesse um tempo a mais de vida para continuar padecendo e trabalhando por Cristo e pela salvação das almas. Deu-nos, assim, um exemplo perene de como deve ser o coração do cristão: paterno, disposto a sofrer pelo bem dos outros, pronto para obedecer à vontade de Deus, generoso sem descanso nem limite. Assim como S. Martinho, inteiramente configurado ao Coração de Jesus, não recusou os trabalhos de seu ministério com o fim de gerar logo em Cristo uma multidão de almas, assim também nós, por intercessão deste santo confessor e pontífice, entreguemo-nos sem descanso àqueles cujo cuidado Deus nos confiou.
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