Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 12, 39-48)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”.
Então Pedro disse: “Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?” E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis.
Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”
Celebramos hoje a memória de um santo brasileiro e exemplo de piedade mariana: Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, conhecido popularmente como Frei Galvão, cuja filial entrega à Nossa Senhora nos permite recordar que se a devoção à Virgem Maria é, de um lado, necessária para a nossa salvação, é-o ainda mais, de outro, para a nossa santificação, de sorte que podemos afirmar, sem medo de exageros, que é impossível na prática chegar aos cumes da perfeição cristã sem o socorro de nossa Mãe bendita. De fato, tamanha era a confiança de Frei Galvão em Nossa Senhora que ele fez questão de assinar com sangue, arrancado do próprio peito, o testemunho de sua consagração à Virgem Imaculada. E a razão dessa confiança, que todos deveríamos esforçar-nos por imitar, reside em que Maria, mais do que uma grande e poderosa intercessora, desempenha também uma função salvífica: se foi por ela que o Filho de Deus veio ao mundo, é também por ela que o Cristo entrará em nossas vidas, e é por intermédio dela, enfim, que nós encontraremos o caminho para chegar a Jesus. Consagrar-se a Maria, nesse sentido, nada mais é do que, reconhecendo esse seu papel na economia da salvação, prometer que recorreremos constantemente ao seu auxílio, querido por Deus como meio de chegarmos logo à pátria definitiva. Donde se vê que a consagração é mais do que um rito formal e externo; é, antes de tudo, uma disposição interior de confiança amorosa, que nos leva a invocar sempre a Virgem Maria como seguro refúgio contra os perigos e socorro oportuno na hora das necessidades. — Que a exemplo de São Frei Galvão possamos também nós, cativados pelo zelo maternal de Nossa Senhora, entregar-nos por inteiro a ela, na qualidade de escravos necessitados e com a docilidade de filhos obedientes.
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