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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 16, 12-15)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora. Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.

Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu”.

Chegamos ao ápice, ao momento mais importante da mensagem de Fátima, que é a terceira parte do chamado segredo revelado por Nossa Senhora no dia 13 de julho de 1917. Vimos já as duas primeiras partes. Na primeira, Nossa Senhora, que não veio trazer novidades, recorda um dogma de fé: as pessoas vão para o inferno. Ela mostrou às crianças milhões de pessoas caindo nas chamas, mas, para resolver o problema — é a segunda parte da mensagem —, ela quer promover no mundo a devoção ao seu Imaculado Coração por meio da comunhão reparadora dos cinco primeiros sábados e da consagração da Rússia. Agora, por fim, vem a terceira parte da mensagem de Fátima, que é também a mais polêmica e enigmática. Por quê? Porque ela deveria ter sido relevada em 1960. No entanto, o Vaticano decidiu deixá-la reservada, até que, finalmente, ela foi revelada no ano 2000. Depois de terem guardado o segredo por tanto tempo, quando a visão que a Ir. Lúcia teve com seus primos Francisco e Jacinta, foi revelada ao mundo, houve uma grande decepção. Muitos se disseram: “Tanto alarde para tão pouca coisa?” Mas o que realmente se diz na terceira parte da mensagem de Fátima? A terceira parte, como se disse, é uma visão. Lúcia, junto com os outros dois pastorinhos, viu um anjo ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco acima dela. Esse anjo, com uma espada flamejante, brandia chamas para incendiar o mundo, mas Nossa Senhora, com um brilho que saía de sua mão direita, as apagava todas. O anjo, então, também com a mão direita, apontava para a terra, dizendo com voz forte: “Penitência, penitência, penitência”. Até aqui, o que vemos na mensagem? O que Nossa Senhora está dizendo é o seguinte: o mundo está para ser castigado, mas ela, Mãe bondosa e clemente, quer abrandar o castigo, por isso nos está dando tempo para nos convertermos e ouvirmos o apelo do anjo: “Penitência, penitência, penitência”. É importantíssimo compreender que a mensagem de Fátima é de conversão, mas a conversão que Nossa Senhora propõe passa exatamente pela nossa própria conversão, ao ouvirmos os apelos do Imaculado Coração. Mas se a penitência não for feita, então se cumprirá o restante da visão. Lúcia diz ter visto o Papa — um bispo de branco, que eles julgaram ser o Papa —, junto com outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, a subir uma montanha até chegar aos pés de uma cruz feita como de troncos de sobreiro. O Santo Padre ia pelo caminho, rezando pelas almas dos falecidos e atravessando uma cidade em ruínas. Quando finalmente chegou ao cimo da montanha, de joelhos aos pés da cruz, o Papa foi morto por um grupo de soldados, que dispararam contra ele tiros e setas. Além do Papa, foram morrendo também bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e várias outras pessoas. Aqui, claramente, Lúcia descreve uma visão do martírio. Disso não há dúvida nenhuma porque, logo em seguida, ela vê sobre os braços da cruz dois anjos, cada um com um regador de cristal na mão, com os quais recolhiam o sangue dos mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus. Qual é, pois, a terceira parte? A terceira parte, em resumo, é a seguinte: se não fizermos penitência, virá uma grande perseguição à Igreja, a qual será uma tragédia. Tragédia física ou tragédia espiritual? Não o sabemos com detalhe, mas tudo indica que são as duas coisas. Com efeito, na segunda parte do segredo, quando se diz que “nações inteiras serão aniquiladas”, fala-se do acontecimento num duplo contexto, ao mesmo tempo material e espiritual. No contexto material, Nossa Senhora referia-se à guerra e a um tempo de paz; no contexto espiritual, às perseguições à Igreja e ao fato de que o dogma da fé seria conservado em Portugal. A cidade em ruínas, por conseguinte, não representa somente as ruínas da guerra. Afinal, o fato de que “o dogma se conservará sempre em Portugal” é sinal de que ele não será conservado em outros lugares. Diante dessa visão, o que nos cabe pensar? Antes de tudo, parece que a visão em parte já aconteceu, em parte não. O que então já se cumpriu? A própria Ir. Lúcia, em carta do dia 12 de maio de 1982, diz ao Papa João Paulo II que, “porque não temos atendido ao apelo da mensagem, verificamos que ela se tem cumprido, e a Rússia vai invadindo o mundo com os seus erros e, se não vemos ainda de fato consumado o final dessa profecia, vemos que para aí caminhamos a passos largos”. A própria vidente, já em 1982, reconhecia que não se estava atendendo aos apelos de conversão: “Penitência, penitência, penitência”; portanto, ia-se já a passos largos para o castigo anunciado. Mas Lúcia acrescenta que, no fundo, o castigo é menos de Deus que dos homens. Eis uma parte da carta de 12 de maio endereçada ao Santo Padre: “E não digamos que é Deus que assim nos castiga, mas, sim, que são os homens que para si mesmos preparam o castigo. Deus apenas nos adverte e chama ao bom caminho, respeitando a liberdade que nos deu, por isso os homens são os responsáveis”. Sim, temos de mudar, fazer penitência, porque o castigo está à porta, e é um castigo que Deus não manda diretamente, diz a Ir. Lúcia. Ele, na verdade, o permite. Quem está preparando para si mesmo o próprio castigo somos nós. Mas o que podemos fazer? Olhando para o que diz a Ir. Lúcia, ao referir com toda a clareza que “em Portugal se conservará sempre o dogma da fé”, uma obrigação nossa é, antes de tudo, conservar o dogma da fé. Nossa Senhora mencionou várias verdades de fé que estão sendo abaladas. As pessoas não acreditam mais que vão para o inferno; as pessoas não acreditam mais que devem reparar as ofensas feitas a Deus; as pessoas não acreditam mais que devem fazer penitência pela conversão dos pecadores; as pessoas não acreditam mais que devem fazer adoração eucarística, como fazia S. Francisco Marto, adorando a Jesus escondido; as pessoas não acreditam mais que o santo Terço tem uma eficácia extraordinária como arma contra o diabo; as pessoas não acreditam mais que, fazendo confissões e comunhões reparadoras, boas comunhões reparadoras e meditando os mistérios da salvação na oração íntima, estão fazendo algo que pode, de fato, mudar o destino da humanidade. As pessoas não acreditam em mais nada. Precisamos, pois, revigorar nossa fé e entender que, assim como Nossa Senhora de Fátima colocou nas mãos dos três pastorinhos o destino da humanidade, ela o põe hoje também nas nossas. Os eventos escabrosos descritos na mensagem de Fátima são uma realidade condicional: se nos convertermos, nada disso acontecerá; mas, ainda que não se convertam todos, os que se converterem e manterem fiéis a Nossa Senhora, irão, já neste mundo ou no céu, ver o triunfo do Imaculado Coração de Maria. Depois será dado um tempo de paz para a humanidade. Essa é a promessa da Virgem de Fátima, a qual, no entanto, supõe nossa colaboração. Nossa Senhora promete o seu triunfo, mas ele depende da nossa fidelidade. Mas como a humanidade não tem ouvido os apelos de Nossa Senhora, como demonstra a própria história da consagração da Rússia, consagrada tarde demais, do combate aos seu erros, hoje plenamente difundidos, nós, devotos e consagrados da Virgem SS., devemos preparar-nos para dar o testemunho verdadeiro, definitivo e cabal de nossa fé, desse dogma da fé, que não irá perecer — o martírio. Estejamos dispostos a isso. Como o dogma da fé será sempre conservado em Portugal ou no Brasil, ou em qualquer coração fiel a Nossa Senhora? Apenas se estivermos dispostos ao martírio diário. Para isso, temos de nos preparar com uma consagração confiante a Nossa Senhora, com uma entrega verdadeira à nossa Mãe SS. Nós queremos ouvir, sim, os apelos de Nossa Senhora dirigidos em Fátima a Lúcia, Jacinta e Francisco. Consideremos dirigido a nós o que Nossa Senhora disse na segunda aparição à Ir. Lúcia: se sofremos, não nos preocupemos, porque “eu estarei sempre contigo e o meu Imaculado Coração” será para nós todos caminho e refúgio. Coragem e confiança! Não estamos sozinhos nessa batalha. No momento em que formos chamados ao testemunho final do martírio, temos um lugar em que nos esconder: o Imaculado Coração de nossa Mãe bendita!

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