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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 1,39-45)

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.

Nesta novena de Natal, nós estamos meditando a respeito do hino de Santo Afonso Maria de Ligório, Tu scendi dalle stelle, e hoje gostaríamos de meditar a respeito da quinta estrofe. Santo Afonso diz assim: “Tu choras por ver a ti mesmo sendo tão pouco amado por mim, que sou ingrato depois de tão grande amor”.

Esse é um dos mistérios mais extraordinários do amor. O amor nos torna vulneráveis, ou seja, quando nós amamos, baixamos o “escudo” com que nos protegemos do mundo e, de coração aberto, damos à pessoa amada acesso irrestrito aos segredos de nossa alma.

O amor vulnerabiliza a pessoa, e é exatamente por isso que tanta gente se fecha ao amor. A pessoa faz a experiência do amor, decepciona-se, acaba se ferindo e fecha-se totalmente, a ponto de fazer aqueles juramentos terríveis como: “Não quero mais amar ninguém”. Justamente porque amar e ser amado significa ser vulnerável e poder ser atingido.

Deus, que é inatingível; Deus, que é invulnerável; Deus, que é impassível; Deus, que não sofre, fez-se homem para ser atingido por nós. Ele é “Deus conosco”, porque não só veio nos tocar, mas também porque veio ser tocado por nós, e a primeira coisa que Jesus recebe aqui neste mundo, depois de sair do ventre da Virgem Santíssima, é a nossa ingratidão. Eis aí, nossa miserável ingratidão. Fomos amados por um amor sem medidas; e, no entanto, Ele recebeu de nós apenas a ingratidão.

Como, então, resolver esse problema? Como fazer com que as coisas sejam diferentes? Santo Afonso, então, continua a sua reflexão e fala da conversão: “Ó amado do meu coração, se outrora foi assim, agora somente por ti anelo. Querido, não chores mais, porque eu te amo, eu te amo”. Aqui, Santo Afonso quer demonstrar o seu amor, e também nós gostaríamos de demonstrar o nosso amor por Jesus.

Se, infelizmente, não somos santos como Santo Afonso, nem podemos, com toda a sinceridade da palavra, dizer “somente por ti anelo”, ou seja, “somente a ti desejo, Jesus”, que isso, pelo menos, seja uma inspiração e uma aspiração do nosso coração, para que possamos verdadeiramente aspirar a ser assim, a ser todos, completamente inteiros de Jesus e somente amar a Ele, deixar de lado os falsos amores.

O Natal está aí, está às portas. Nós precisamos quebrar os ídolos, deixar de lado os velhos amores que nos feriram. Sim, porque Jesus se deixa ferir por nós; mas Ele não nos fere a não ser com a ferida saborosa do amor. Ou seja: não é a ferida do pecado. Ele, com o seu dardo de amor, visita-nos e faz com que nós tenhamos sede dele. São João da Cruz comenta isso de forma extraordinária quando, no seu Cântico Espiritual, fala que essa ferida de amor criada pelo Amado só pode por Ele ser curada.

Uma vez que nós fomos feridos pelo amor do Cristo, ardemos de amor e buscamos a Ele, único que pode saciar esse nosso desejo.

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