O trabalho não pode ser visto como um castigo decorrente do pecado original. Pelo contrário, o homem foi colocado por Deus no Jardim do Éden para ser colaborador na Criação, cultivando-o, guardando-o e participando do aperfeiçoamento da criação visível, conforme expressado no número 378 do Catecismo da Igreja Católica.
Assim, é possível dizer que o espírito empreendedor é uma virtude que o ser humano pode e deve desenvolver, pois foi colocado por Deus em seu coração. Segundo o Beato João Paulo II, em sua encíclica Sollicitudo rei socialis:
"O homem tem necessidade, sem dúvida, dos bens criados e dos produtos da indústria, continuamente enriquecida pelo progresso científico e tecnológico. E a disponibilidade sempre nova dos bens materiais, na medida em que vem ao encontro das necessidades, abre novos horizontes. O perigo do abuso do consumo e o aparecimento das necessidades artificiais não devem, de modo algum, impedir a estima e a utilização dos novos bens e dos novos recursos postos à nossa disposição; devemos mesmo ver nisso um dom de Deus e uma resposta à vocação do homem, que se realiza plenamente em Cristo."
Ora, o que é condenado é o uso desordenado dos meios para se obter dinheiro, riquezas etc. Quando o dinheiro se torna um fim em si mesmo, deixando de ser apenas o meio, ele se torna deus, ocupa o lugar de Deus. Aí reside a reprovação. É por isso que a Doutrina Social da Igreja e as várias encíclicas sociais publicadas ao longo do tempo sempre priorizaram o homem. Condenando os regimes socialistas, comunistas e o modelo marxista porque são irreformáveis, vez que materialistas. Já o liberalismo e o capitalismo, embora contenham erros, abusos e excessos podem ser reformados de maneira cristã.
O homem é responsável pela transformação desse mundo num lugar melhor, mas sem se esquecer de que o lugar perfeito, aquele preparado por Deus para cada um dos seus filhos não é aqui, mas sim, a Pátria Celeste.
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