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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo
João (Jo 20, 19-23)

Neste Domingo, a Igreja celebra a grande Solenidade de Pentecostes. Jesus glorioso envia do Céu o Divino Espírito Santo, convidando-nos a participar da comunidade de amor que é a Trindade.

É propícia para este dia uma reflexão sobre o sacramento da Confirmação: primeiro, porque não raro nos falta entender o que ele realmente significa; segundo, porque a festa de Pentecostes é como uma memória do dia em que fomos ungidos com o santo Crisma: assim como os Apóstolos trancafiados no Cenáculo por medo dos judeus foram convertidos pelo Espírito em pessoas cheias de dons sobrenaturais, assim também nós, quando recebemos este sacramento, tivemos nossas forças espirituais robustecidas por ele.

Mas, de que se trata este sacramento? Por que precisamos de uma “confirmação”? Primeiro, deve-se entender que o Espírito nos pode ser dado em graus diferentes: no Batismo, nós já O recebemos, mas, na Confirmação, quando o bispo impõe as mãos sobre o crismando e diz: “Recebe por este sinal o Espírito Santo, o Dom de Deus”, há um aumento dessa realidade dentro de nós. Fazendo uma comparação com o nosso desenvolvimento físico, o Batismo é como o nosso nascimento e a Confirmação, como o nosso crescimento, que nos impulsiona a chegar um dia “à estatura do Cristo em sua plenitude” [1].

Quando somos crismados, o sacramento dá-nos duas coisas: a graça e o caráter. Este último é um selo do Espírito: é recebido ainda que o crismando, infelizmente, esteja em estado de pecado. O mais importante da Confirmação, no entanto, é a graça que ele nos dá de testemunhar Jesus. Um cristão maduro, crismado, precisa dar testemunho de sua fé. Quem ainda não recebeu este sacramento se assemelha aos Apóstolos fechados no Cenáculo, ignorando o apelo de Cristo de que todos os povos fossem batizados e ensinados a observar o que Ele os ordenou [2].

Para testemunhar Jesus, no entanto, é preciso que nos livremos da pusilanimidade, do respeito humano, do desejo de agradar as pessoas. Manifestar a fé cristã, mormente no mundo pagão de hoje, significa necessariamente desagradar o juízo dos homens, tornar-se motivo de zombaria e chacota. Não à toa a palavra “testemunho”, em grego, é μαρτυρία (martyría). A fibra dos mártires, no entanto, só pode ser alcançada com o auxílio do Paráclito, que Cristo nos prometeu na Última Ceia [3]. Pela Confirmação, este Espírito desce sobre nós e “investe-nos” como soldados de Cristo, a fim de que combatamos o diabo, o mundo e a carne, não mais “como criancinhas recém-nascidas” [4], mas como cristãos verdadeiramente adultos.

Muitas vezes, porém, os sacramentos que recebemos estão, por assim dizer, “amarrados” dentro de nós. Para que eles se manifestem e deem frutos, é preciso que tenhamos atitudes concretas.

Primeiro, devemos obrigar-nos a adquirir um conhecimento mais profundo sobre a fé cristã. Para testemunhar Cristo íntegra e fielmente em nossa casa, em nosso emprego, no ambiente universitário etc., é preciso que estudemos a fé da Igreja, os documentos do Magistério e os ensinamentos dos santos. Além do mais, não se ama aquilo que não se conhece. Como incendiar os outros com o amor de Cristo se nós mesmos não O amarmos?

Segundo: como já dito, é preciso varrer de nossa vida o respeito humano, que é incompatível com a valentia dos soldados. Hoje, infelizmente, as pessoas sentem-se acanhadas, porque o mundo colocou em suas cabeças que a fé é uma realidade privada e que, se a exercermos em público, estaremos ofendendo os outros. Mas, isso não é verdade. Se o ateísmo, que também é uma atitude religiosa, é ampla e publicamente vivido pelos homens, por que não o Cristianismo?

Terceiro, o apostolado é inseparável da vida cristã. “Caritas Christi urget nos – O amor de Cristo nos impele” [5]. Se não transmitirmos a doutrina de Cristo aos outros, nós mesmos terminaremos naufragando na fé.

Quarto, é importante pedir a Deus as graças atuais para travarmos o bom combate, além de estar atentos às inspirações de Deus. Para tanto, devemos combater não só o pecado mortal, mas também os pecados veniais.

Essas orientações são, é claro, para quem já recebeu a Confirmação. Quem ainda não a recebeu, é chamado a fazê-lo, para que possa progredir no amor a Deus e pedir com mais fervor sobre si e sobre as almas a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

Referências

  1. Ef 4, 13
  2. Cf. Mt 28, 19-20
  3. Cf. Jo 14, 16
  4. 1 Pd 2, 2
  5. 2 Cor 5, 14
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