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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt
5, 13-16)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus.

Nosso Senhor se dirige, no Evangelho de hoje, aos seus discípulos: os cristãos. Há quem tente interpretar essa passagem de forma inclusiva, albergando nas expressões "sal da terra" e "luz do mundo" todos os seres humanos, mas não é esse, definitivamente, o sentido original do discurso de Cristo. A boa-nova do Salvador não é a de um "humanismo naturalista", como vemos prevalecer em nossos tempos, senão a do primado da graça divina. Antes que a luz dos cristãos (lumen christianorum) brilhe diante dos homens, de fato, é a luz de Cristo (lumen Christi) que os deve alumiar, pois unicamente o Verbo de Deus encarnado é, na expressão do prólogo de São João, "a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem" (Jo 1, 9). Ele é como o astro solar, pois, enquanto nós, à semelhança da lua, apenas refletimos o que recebemos.

Muito parecido com isso é um pensamento do bem-aventurado Antônio Rosmini, citado recentemente pelo Cardeal Carlo Caffarra, durante uma entrevista ao jornal italiano Il Foglio: "Há uma luz que está no homem e há uma luz que é o homem. A luz que está no homem é a lei da Verdade e a graça. A luz que é o homem é a reta consciência, porque o homem se torna luz quando participa da luz da lei da Verdade mediante a sua consciência conformada àquela luz."

Essas palavras são esclarecedoras porque nos ajudam a colocar a tão invocada e defendida consciência em seu devido lugar.

Tomem-se por exemplo os nazistas, que tentaram safar-se dos crimes que cometeram durante a Segunda Guerra Mundial, invocando o direito inviolável que todo ser humano possui de seguir o dever ditado pela sua consciência. Foi o que eles alegaram em Nuremberg, na Alemanha, durante os famosos processos que condenaram a maioria deles à pena capital ou à prisão perpétua. E então, o que responder diante disso? Quais são, afinal de contas, os limites da liberdade de consciência? Ou ela pode ser invocada tranquilamente para legitimar atrocidades?

A resposta está em algo maior que a consciência humana: com o direito de seguir a própria consciência, também caminha junto o dever de formá-la devidamente. A culpa dos nazistas em Nuremberg foi, portanto, não a de não ter seguido a sua consciência, mas sim a de não a ter formado devidamente, de ter permitido que fossem deformadas as suas noções morais. Assim, se é verdade que, por um lado, Cristo é a luz que "ilumina todo homem", por outro, cada homem é livre para aceitar ou não ser iluminado por essa luz. Bom cristão não é simplesmente quem segue a sua consciência, portanto, mas quem ouve a voz de Cristo e põe em prática aquilo que Ele lhe dita. É essa a condição para que sejamos "luz do mundo".

Quem não enxerga, por exemplo, a luz que irradia da vida de um São Maximiliano Maria Kolbe — um homem que verdadeiramente se entregou à evangelização, viajou até o Oriente, pregou o Evangelho, usou todo o seu empenho e força para levar as pessoas à Imaculada e terminou num campo de concentração nazista, coroando sua própria vida de boas obras com um martírio para salvar um pai de família? A exemplo de seus carrascos, também este homem estava a seguir a sua consciência, mas que diferença abissal entre os dois! Aqueles odiando e praticando as "obras infrutíferas das trevas" (Ef 5, 11); este, ao contrário, amando e dando frutos para o Reino dos céus!

Neste dia em que o Senhor nos chama a brilharmos como astros luminosos diante desta geração má e perversa, coloquemos em ordem o nosso coração. Sigamos a nossa consciência, sim, mas atendo-nos, em primeiro lugar, à luz da Verdade. Procuremos ter uma vida de oração, sim, mas a partir dos sacramentos da Igreja, que nos dão a graça divina, se porventura a tivermos perdido, e no-la aumentam, se estivermos fracos e trêmulos na fé. Não seremos santos sozinhos, não seremos "luz" para ninguém se antes não formos iluminados pelo Verbo eterno de Deus.

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