Apesar da grande perseguição sofrida pelos cristãos durante o Império Romano, conforme visto na aula passada, a Igreja continuou crescendo. Esse fenômeno foi muito bem explicado por Tertuliano, escritor cristão do terceiro século, que viveu no norte da África: “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Mas, a maior ameaça enfrentada pelo cristianismo recém-nascido foi a dificuldade cultural, espiritual e religiosa do gnosticismo.
O gnosticismo era um fenômeno religioso e filosófico no qual se encontrava uma explicação para a origem do mundo, e do mal no mundo, de uma forma mais plausível que a oferecida pelo cristianismo. A pretensa racionalidade do gnosticismo atraiu um número considerável de pessoas e acabou por adentrar ao seio da Igreja nascente, de certa maneira parasitando-a, sugando suas forças e fazendo com que os devotos se tornassem falsos devotos, pois aderiam a uma filosofia estranha ao cristianismo.
Em sua obra “A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires”, Daniel-Rops descreveu o gnosticismo, também chamado de heresia do conhecimento, da seguinte forma:
“O gnosticismo apoiava-se em duas idéias: a da sublime elevação de Deus, idéia tomada...