52. Recapitulação. — Vimos na aula passada que a teologia nasce no interior da fé, na qual encontra o seu alimento e sob cuja luz orienta os seus passos (cf. VIII, B, § 47). Tendo em vista essa mútua dependência entre o labor teológico e a ortodoxia, definimos a teologia como um esforço da inteligência humana por compreender os mistérios que a fé lhe desvenda; nesse sentido, podemos dizer, por apropriação, que é a fé mesma que busca a inteligência, «Fides quaerens intellectum». Quisemos ressaltar ainda que, além deste caráter especulativo, a teologia, enquanto participação do conhecimento de Deus pela graça divina e pela fé, é também uma realidade mística e, por isso, deve vir acompanhada não apenas de estudo, mas principalmente de oração e quietude [1]. Ora, sendo a fé o princípio e a fonte da reflexão teológica, dedicaremos esta nona aula ao estudo dos dois momentos constitutivos do método teológico: a escuta da fé (auditus fidei) e a inteligência da fé (intellectus fidei), às quais fizemos rápida menção na penúltima aula (cf. § 41).
53. A escuta da fé. — O método teológico decorre da própria natureza da teologia, que, conforme uma classificação convencional e...