40. Fé e razão. — Com as cinco aulas que compuseram esta breve introdução histórica esperamos ter mostrado que, em linhas gerais, o desenvolvimento do método teológico ao longo dos séculos teve como eixo principal o problema das relações entre razão e fé. Ora, isso não quer dizer, naturalmente, que esse problema se tenha apresentado às primeiras gerações cristãs, que não assistiram às grandes cisões da modernidade, nos mesmos termos em que se nos apresenta hoje; acrescidas, pois, às leituras conflitivas que pulularam na Idade Média, as antropologias iluministas, ao substituírem a noção genuinamente cristã de «pessoa» pelo primado da razão e, por conseguinte, da dignidade intrínseca à natureza humana, farão das tensões entre o dado da fé e a razão discursiva expressões sintomáticas de uma esquizofrenia latente. Como quer que seja, a fé não deixa de ser um dado inerente a todo fiel; ela é aquilo em que e por que todo cristão crê nas verdades que Deus nos quis revelar. As dificuldades surgem, pois, quando ele propõe-se explicá-la e expô-la, ou seja, no momento em que pretende fazer teologia.
41. Momentos da Teologia. — Ora, como teremos ocasião de estudar na nona aula...