18. Recapitulação. — Dedicamos a aula anterior ao estudo, ainda que bastante sumário, de alguns aspectos da obra de Santo Agostinho; quisemos ressaltar, em particular, a necessidade para o pensamento agostiniano de o homem aderir à ordem sobrenatural, a fim de que a vontade, com o auxílio da graça divina, possa libertar-se das amarras do pecado e a inteligência, iluminada pela fé e pela Revelação, consiga enfim repousar na verdade perpétua e inesgotável cuja posse, para o bispo de Hipona, se identifica com a plena felicidade por que todos os homens almejam; ora, essa felicidade não consiste em outra coisa senão em Deus, fim de toda a criação, no qual, quando afinal O alcançarmos, poderemos então crer-nos bem-aventurados [1]. Ressalvamos também que essa concepção em certo sentido negativa da vontade e da inteligência como essencialmente corrompidas se deve em boa medida à doutrina do pecado original desenvolvida por Agostinho, para quem é a gratuidade da misericórdia divina que nos eleva, cabendo-nos apenas submeter por humildade a razão à fé e a vontade à graça.
Tendo pois em vista a importância que essa doutrina agostiniana teve no pensamento teológico posterior e as...