57. Recapitulação. — Vimos na aula anterior que o método teológico se estrutura sobre dois momentos fundamentais, quais sejam: (i) a escuta da fé (auditus fidei), em que se procura descobrir o que, positivamente, crê a Igreja Católica e (ii) a inteligência da fé (intellectus fidei), isto é, o esforço de especulação sobre os dados da fé. A teologia, apresentada de forma bastante esquemática, transita ritmicamente entres esses dois polos internos, ora voltando às fontes de que brota a esperança cristã, ora refletindo a respeito dos conteúdos que ali encontra.
Iremos na aula de hoje dar continuidade a nossa exposição do método em teologia; em particular, dedicaremos este espaço a um tema que trouxe novas luzes tanto para a metodologia quanto para a gnosiologia teológicas: trata-se dos assim chamados lugares teológicos, ampla e profundamente desenvolvidos pelo frade dominicano Melchior Cano (c. 1509-1560), professor por longo tempo na Universidade de Salamanca e participante, entre os anos de 1551 e 1552, do Concílio de Trento [1].
58. O locus como sede argumentativa. — O termo «lugar» (locus, τόπος), na acepção de princípio ou fonte de argumentos para uma disputa...