15. Recapitulação. — Vimos na aula passada os dois erros mais impactantes com que teve de se defrontar a Igreja ao longo dos quatro primeiros séculos: de uma parte, o gnosticismo, mentalidade parasitária que buscou a todo custo infiltrar-se no cristianismo e adaptá-lo ao ethos intelectual das elites pagãs; de outra, o arianismo, heresia cristológica que, ao minar as bases mesmas da fé, quase destruiu a ortodoxia. Procuramos, tanto quanto possível, conjugar esses dados históricos com o princípio estabelecido no final da primeira aula, a saber: é preciso converter-se e renunciar às próprias pretensões para fazer teologia; a esta conversão chamamos, servindo-nos das palavras do Cardeal Ratzinger, «mudança de sujeito», para indicar o caráter eminentemente eclesial da atividade teológica, quer dizer, a necessidade de integração, comunhão e fidelidade à Igreja.
A fim de ilustrar este princípio com mais vivas cores, dedicaremos esta terceira aula a uma das colunas da teologia ocidental, Santo Agostinho de Hipona, o mais proeminente dos Padres latinos, cuja influência e inabalável autoridade fizeram-se presentes às inteligências por mais de um milênio.
16. Vida, perfil...