Antes de qualquer coisa, na vida espiritual, é preciso estar em estado de graça, situação que corresponde ao que Santa Teresa chama de Primeiras Moradas, onde as almas, embora disponham da assistência divina, ainda se veem embaraçadas pelos sentidos e paixões da vida pregressa, que as arrastam para novas e sucessivas quedas. Assim Santa Teresa as descreve: “Nas primeiras salas ainda se trata de pessoas absorvidas pelo mundo, engolfadas nos contentamentos, desvanecidas com as honras e pretensões mundanas” (Primeiras Moradas, 12). A alma nesse estado ainda não ama. Por isso, Santa Teresa recomenda-lhe tão vivamente a oração, tomando por “intercessores a bendita Mãe de Deus e todos os santos, para que venham lutar junto a si” (Primeiras Moradas, 12).
De fato, Deus deseja a nossa resposta de amor. A oração íntima, nesse sentido, é o meio de que dispomos para entrarmos em diálogo com Aquele que sabemos que nos ama. Oração é diálogo de amor e amizade. Com efeito, quem se mostra generoso nessa prática vai, aos poucos, adquirindo virtudes e desenvolvendo afetos semelhantes aos do Amado, até finalmente adentrar nas Segundas Moradas, ou seja, naquele estado em que “as pessoas já...