Na Carta VII [1], debate-se a conveniência ou não de os homens saberem da existência dos demônios. Pode-se até imaginar o inexperiente Wormwood a ensaiar sua primeira aparição ao paciente, com requintes dignos de um filme de terror. Mas a orientação de Screwtape é bem outra: o alto-comando (high command) do inferno decidiu que, atualmente, os demônios não devem apresentar-se aos homens.
Por isso, todas as vezes que um paciente achar que o diabo existe, há que fazê-lo pensar que o diabo é como um homem qualquer, mas de calça legging vermelha, chifres e tridente… Noutras palavras, algo ridículo a que ninguém em são juízo daria crédito. Mas por que o inferno decidiu atuar por baixo dos panos? Porque uma das formas mais eficazes de perder uma alma é torná-la materialista, mas de um tipo peculiar de materialismo, que une a falta de fé no que é razoável crer ao excesso de credulidade no que é absurdo acreditar.
Essa mistura aparentemente contraditória tem como resultado o que Lewis chama the materialist magician, o “feiticeiro materiliasta”. Ora, o que caracteriza o materialismo, ao menos o que é interesse dos demônios alcançar, mais do que a suposição de que...