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Texto do episódio
1456

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 15, 1-10)

Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”.
Então Jesus contou-lhes esta parábola: “Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, e, chegando à casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’
Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.

No Evangelho de hoje, Jesus conta duas das três parábolas da misericórdia que estão no capítulo 15 de São Lucas. A mais famosa delas, que é a parábola do filho pródigo (cf. Lc 15, 11-32), não a lemos no Evangelho de hoje, mas apenas as duas primeiras: a da ovelha perdida (cf. Lc 15, 4ss) e a da dracma perdida (cf. Lc 15, 8s).

A nota característica de uma e outra parábola é a alegria do coração de Deus ao ver a conversão dos que, antes perdidos, reencontram o caminho da salvação. A parábola e o texto evangélico insistem nisso (cf. Lc 15, 7).

No entanto, há convertidos que se entristecem da própria conversão. São os que olham para a vida passada com um pesar muitas vezes vaidoso, como se dissessem: “Queria apresentar-me imaculado diante de Deus, sem nunca ter cometido qualquer falta”.

Deus não pensa assim. Devemos viver sem pecado, é claro; mas, ainda que no passado tenhamos caído uma ou muita vezes, quanto mais profundo for o abismo do qual saímos, maior será a alegria no Céu pelo nosso resgate. Deus e os anjos fazem festa por um só pecador que se arrepende, porque foi para isso que Ele nos criou: para a sua glória.

Ora, se há glória e triunfo especial no Céu, há por isso mesmo uma vergonha tremenda no Inferno por um pecador salvo das garras de Satanás.

Imagine-se a confusão dos demônios, a raiva e o furor deles por essa perda. Aquela alma era deles — almas de jovens e de sacerdotes, almas de religiosos e de bispos que estavam prontas para cair no fogo do Inferno; almas de pessoas casadas e de crianças que já pecavam, almas de velhos moribundos e encarquilhados no pecado.

Quantas almas arrancadas ao demônio nesta batalha espiritual entre os poderes do Céu — Miguel e os seus anjos (cf. Ap 12, 7) — e Lúcifer, que sabe ter pouco tempo até sua derrota derradeira.

Quando, enfim, soar a trombeta, finda a batalha do último dia, que glória e alegria haverá no Céu ao apresentarmos a Deus as chagas dos nossos pecados convertidas em chagas gloriosas, para o louvor da Trindade na festa eterna da nossa conversão! Misericordias Domini in æternum cantabo (Sl 88, 2)! Cantemos as misericórdias do Senhor!

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