CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®
Homilia Dominical
17 Mai 2019 - 25:24

Como foi mesmo que Jesus nos amou?

Quando ouvimos Jesus dizer aos Apóstolos: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”, nossa tendência imediata é pensar na Cruz, onde Cristo verteu amorosamente seu Sangue pela nossa salvação. Os três anos que Ele passou, no entanto, ensinando seus discípulos e fazendo arder-lhes os corações, é o sentido literal e primeiro dessa passagem. E é sobre ele que Padre Paulo Ricardo medita em mais esta homilia de Páscoa.
00:00 / 00:00
Homilia Dominical - 17 Mai 2019 - 25:24

Como foi mesmo que Jesus nos amou?

Quando ouvimos Jesus dizer aos Apóstolos: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”, nossa tendência imediata é pensar na Cruz, onde Cristo verteu amorosamente seu Sangue pela nossa salvação. Os três anos que Ele passou, no entanto, ensinando seus discípulos e fazendo arder-lhes os corações, é o sentido literal e primeiro dessa passagem. E é sobre ele que Padre Paulo Ricardo medita em mais esta homilia de Páscoa.
Texto do episódio

Texto do episódio

imprimir

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 13, 31-33a.34-35)

Depois que Judas saiu do cenáculo, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo.

Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.

Meditação. — 1. A liturgia destes domingos finais do tempo litúrgico da Páscoa procura preparar-nos para a solenidade de Pentecostes. Por essa razão, a Igreja deixa de proclamar os evangelhos posteriores à Ressurreição de Cristo para voltar ao discurso de Cristo na Última Ceia, exatamente quando Ele promete a seus discípulos o envio do Espírito Santo, que lhes ensinará todas as coisas. (Na liturgia antiga, o trecho proclamado neste domingo já fala explicitamente de sua vinda: cf. Jo 16, 5-14).

A antífona de entrada da liturgia nova e o intróito da antiga, no entanto, são o mesmo: Cantate Domino canticum novum. É um convite à alegria, porque estamos a cantar, ainda, as glórias da Páscoa.

E também o Evangelho deste domingo fala de glória, mas num contexto que poderia parecer inadequado a um primeiro olhar. De fato, Judas, o traidor, acabara de sair do cenáculo, disposto a entregar Jesus, e este diz aos demais Apóstolos: “Agora foi glorificado o Filho do Homem”. Ora, como entender que Nosso Senhor fale de glória justamente quando começa o seu opróbrio?

A 1.ª e a 2.ª leituras respondem a esta pergunta quando anunciam, respectivamente: “É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus” (At 14, 22) e “Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos” (Ap 21, 4, referindo-se aos justos no Céu).

Tudo aponta, pois, para o duplo aspecto da Páscoa, indivisível, inseparável: Cruz e Ressurreição, Paixão e Glória. Normalmente, quando uma coisa aparece, oculta-se a outra, e é preciso descobrir pela fé aquela que se tornou invisível. No Calvário, Cristo padecia sofrimentos os mais terríveis e atrozes; em sua alma, no entanto, já se encontrava a glória de que gozam todos os bem-aventurados. Estes, por sua vez, hoje vivem em grande alegria, embora nesta vida tenham derramado sangue e lágrimas para conservar em seus corações a fé e a caridade. Por essa razão, não podemos temer as cruzes: é através delas que nos tornaremos dignos de “entrar no Reino”.

2. Todavia, a única coisa capaz de transformar em glória os nossos sofrimentos chama-se amor.

A maior glória que existe no Céu — depois da glória que há na Santíssima Trindade e na humanidade santíssima de Cristo — é a da beatíssima Virgem Maria. Os artistas católicos chegaram a pintar os anjos boquiabertos a contemplá-la (cf., v.g., “A Assunção da Virgem”, de Alessandro Turchi). É uma glória maior do que a de todos os santos e santas da Igreja juntos. Mas a que se deve essa glória excelsa e sublime, senão ao grandíssimo amor que ela teve por seu Filho, Nosso Senhor? E esse amor, por sua vez, como foi possível senão por obra da graça divina, graça da qual, como se sabe, ela esteve repleta, desde a sua concepção imaculada?

3. Pois é justamente com a passagem do mandamento do amor que se conclui o Evangelho deste domingo: “Amai-vos uns aos outros”, diz Jesus a seus Apóstolos. “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.”

Mas como foi mesmo que Cristo Nosso Senhor amou os seus discípulos?

Nossa tendência imediata, ao ouvir estas palavras de Jesus, é pensar na Cruz, onde Ele verteu amorosamente seu Sangue pela nossa salvação. E não está errada a associação, porque de fato “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo 15, 13). Mas, àquela altura do Evangelho, Cristo não havia ainda sido entregue nas mãos dos homens, o Cordeiro não havia ainda se deixado imolar por nós. Estando, pois, o verbo usado por Nosso Senhor no passado — “como eu vos amei”, Ele diz, e não “como eu vos amarei” —, a que mais poderia Ele estar se referindo, naquela oportunidade, senão aos três anos que passou ensinando seus discípulos e acendendo em seus corações o fogo do amor divino?

Pois bem, se foi deste modo que Ele nos amou e é deste modo que Ele quer que nos amemos uns aos outros, o apostolado não é para os cristãos um luxo acessório, mas uma exigência irrenunciável. O maior desejo do coração de um católico deve ser levar a Cristo todos que estão ao seu redor. Nessa missão, devemos procurar imitar em tudo, é claro, o nosso divino Mestre, que usou de grande paciência para pescar os seus discípulos, foi pouco a pouco os cevando, até os fisgar e atrair em definitivo a si; mas a necessidade de pregar, com palavras e com a vida, é mesmo indispensável.

E “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos”, diz o Senhor, “se tiverdes amor uns aos outros”, isto é, se buscardes com todo afinco a salvação de vossos irmãos, como Eu mesmo procurei; se os alimentardes continuamente com o pão da Palavra, como eu fiz convosco.

Oração.Fazei, Senhor, que assim como vós amastes os vossos discípulos, também nós amemos de coração sincero nossos irmãos e irmãs, querendo e trabalhando pelo maior bem que vós podeis conceder às nossas almas, que é a salvação eterna. Amém.

Propósito. — À luz do amor de Nosso Senhor que alimentou os primeiros discípulos com as suas palavras e ensinamentos, meditar se temos levado a doutrina de Cristo e da Igreja aos que nos são mais próximos, especialmente aqueles que foram colocados por Deus sob nossa responsabilidade, e fazer propósitos concretos nesse sentido.

Material para Download
Texto do episódio
Material para download
Comentários dos alunos

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

496episódios