Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 10,34–11,1)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada. De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra.
E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.
Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim vai encontrá-la. Quem vos recebe a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo.
Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”. Quando Jesus acabou de dar essas instruções aos doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles.
Celebramos hoje quarenta santos mártires que derramaram o sangue para evangelizar o nosso Brasil. Trata-se do Bem-aventurado Inácio de Azevedo e seus companheiros mártires. Inácio Azevedo foi um padre jesuíta nascido em Portugal que veio ao Brasil evangelizar.
Quando ele viu o tamanho das necessidades de evangelização da nossa terra, não cruzou os braços: voltou para a Europa e pediu licença ao padre geral para ir convencendo outros jesuítas (ou seja, estudantes que pretendiam ser padres e irmãos leigos) a se juntarem a ele para evangelizar o nosso país.
No caminho de volta para o Brasil foram interceptados por navios piratas de protestantes franceses. Aqueles protestantes, ao verem que eram padres que iam evangelizar, resolveram tirar-lhes a vida.
Assim, eles derramaram o sangue. Muitos deles, jovens ainda, aspirando ao sacerdócio, em sua esmagadora maioria, não haviam colocado o pé no nosso país. No entanto, todos morreram por amor a nós, morreram para nos trazer a salvação.
Não há dúvida nenhuma de que toda a eficácia da evangelização dos primeiros tempos do Brasil, e ainda hoje, se deve ao sangue desses mártires, santos tão prodigiosos, que Santa Teresa d’Ávila, lá de longe, na Espanha, viu em visão o martírio deles e a entrada gloriosa dos quarenta mártires no Céu.
O Bem-aventurado Inácio de Azevedo morreu abraçado a uma imagem da Virgem Maria. Ele havia obtido uma licença especial para fazer uma cópia do ícone da Salus populi Romani, ícone milagroso de Nossa Senhora, Protetora da cidade de Roma. Conseguida a licença, um artista fez uma cópia idêntica da Salus populi Romani, e o Bem-aventurado Inácio de Azevedo ia trazer esse ícone para a nossa terra.
Trazendo a Virgem Maria para nos proteger, ele, diante do ataque dos corsários, logo quis proteger o ícone e a ele se agarrou. Jogado ao mar, sangrando e morrendo, se apegou ao ícone da Virgem Maria como verdadeira tábua de salvação. Não o largou nem o deixou ir.
Sejamos nós assim também. Diante das intempéries, das agressões, das dificuldades, agarremo-nos à Virgem Maria, agarremo-nos àquela que é para nós instrumento de salvação, porque foi por ela que veio o salvador do mundo.
O Bem-aventurado Inácio de Azevedo, ao venerar a Salus populi, Nossa Senhora, a “salvadora” do povo romano, certamente estava venerando o grande mistério da co-redenção; ou seja, o fato de que, Jesus, sim, o nosso único salvador e redentor, realizou a obra de salvação com a cooperação da Virgem Santíssima, porque foi através dela, do consentimento dela e do corpo dela que foi gerado o corpo daquele que se ofereceu para a salvação da humanidade.
Então, façamos parte também nós desse mistério de redenção. Como Jesus é o único salvador e Maria participou desse mistério da redenção, participemos nós também, como o Bem-aventurado Inácio de Azevedo e seus companheiros participaram da minha e da sua salvação. Sejamos também nós como eles, homens e mulheres entregues a Deus, para que outros sejam salvos no mistério maravilhoso do Cristo, único redentor, que quer que participemos com Ele, ao redimir os outros.
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