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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 12,46-50)

Naquele tempo, enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Celebramos hoje a Apresentação da Bem-Aventurada Virgem Maria no Templo. Trata-se de uma festa em que nós celebramos a consagração total da Virgem Maria a Deus.

Em que se baseia essa festa? Ou seja, a festa foi marcada para o dia 21 de novembro, porque se trata do dia em que foi dedicada uma igreja construída lá em Jerusalém, no local do Templo. Essa igreja não existe mais, pois foi destruída posteriormente, mas ficou a data em que ela foi construída, para celebrar um fato narrado pelo evangelho apócrifo de São Tiago: o fato de que a Virgem Maria teria sido apresentada ao Templo com três anos de idade.

Bom, primeiro, vamos entender o fato narrado. São Joaquim e Sant’Anna, segundo o evangelho apócrifo de São Tiago, eram estéreis. Quando milagrosamente eles tiveram aquela filha, logo fizeram o voto de entregá-la a Deus e consagrá-la completamente a Nosso Senhor. Então, fizeram os preparativos para, aos três anos de idade, entregá-la a Deus. Ficaram com medo de que a menina ficasse apegada aos pais e não quisesse ir para Deus e se entregar no Templo; mas ficaram surpresos quando Maria chegou ali no Templo: ela subiu, sem olhar para trás, aqueles degraus e dançou de alegria.

Bom, este episódio, pitoresco e bonito de se contar, nós não temos certeza se tem algum fundamento histórico; mas nós sabemos com certeza, que existe um fundamento teológico. Ou seja, nós não sabemos se, historicamente, aos três anos de idade, a Virgem Maria foi entregue ao Templo de Jerusalém, mas nós sabemos pela palavra da própria Virgem Maria ao anjo Gabriel, em Nazaré, que ela muito antes havia decidido se consagrar a Deus

 Quando se lhe diz que ela vai ser Mãe de Deus, ela responde: “Como isso vai acontecer, se eu não conheço homem?”, ou seja, esse “não conhecer homem” quer dizer que ela havia feito um voto. Ela tinha feito uma promessa de se entregar a Deus na sua virgindade, de se entregar totalmente. Nós sabemos que a Virgem Maria — Toda santa, Panagia, Imaculada — recebeu a graça de Deus desde o ventre de Sant’Anna e aquela vontade, aquele amor, aquela chama de amor dos santos de Sétima Morada.

Sim, porque Maria não precisou de nenhuma purificação. Ela já nasceu na Sétima Morada. E era muito mais do que um santo de Sétima Morada. Maria, desde a sua mais tenra idade, tinha dentro de si esta chama de amor que fazia com que ela não se apegasse a este mundo, mas quisesse se entregar totalmente a Deus.

Nós lemos esses dias o Evangelho em que Jesus falava da mulher de Lot, aquela que olhou para trás e se transformou numa estátua de sal. É a figura da alma deste mundo, que olha para trás. Maria, ao contrário, é aquela que olha para frente. Ela, já desde os três anos de idade, nem sequer olha para os pais, mas vai direto para Deus e dança de alegria por se entregar a Deus.

O evangelho de Tiago diz que os pais ficaram admirados com aquela atitude, admirados positivamente, porque eram grandes santos. Aliás, São Joaquim tinha tomado precauções, com medo de que a menina, olhando para trás, se apegasse. Mas não foram necessárias aquelas precauções. Maria queria se entregar.

Por isso, no dia de hoje nos lembremos de fazer uma prece por aquelas almas que se entregaram completamente a Deus na vida de oração. Hoje é dia de nós rezarmos “pro orantibus”. Rezemos por aqueles que rezam, ou seja, rezemos por aqueles enclausurados e enclausuradas que, como Maria, não olharam para trás, mas entregaram-se completamente a Deus numa vontade decidida de ser completamente de Nosso Senhor.

Curiosamente, por coincidência, no dia de ontem, 20 de novembro, celebrava-se a “recordação histórica” da audiência de Teresinha do Menino Jesus com o Papa Leão XIII, pedindo para entrar o quanto antes no Carmelo. Eis um exemplo histórico mais próximo em que vemos a atitude de quem, tomado por uma chama viva de amor, quer se entregar sem olhar para trás.

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