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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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A memória de Nossa Senhora de Loreto foi introduzida no calendário universal pelo Papa Francisco, em 2019. Aos sacerdotes que a quiserem celebrar com os textos litúrgicos devidos, encontra-se disponível aqui e aqui o formulário da Missa.


No dia 10 de dezembro de 1296, apareceu na cidade de Loreto, Itália, uma casa que, segundo a tradição, teria pertencido à família de Jesus. Todos os anos, centenas de peregrinos vão até o local para meditar sobre os mistérios da vida de Cristo e da Sagrada Família. De início, o que precisa ficar claro para nós sobre o mistério que envolve essa casa é o seguinte: i) a encarnação de Jesus é um fato histórico, além de um dogma certo e indiscutível; ii) é cientificamente comprovado que as paredes da casa de Loreto são de Nazaré; e iii) nenhum católico está obrigado a crer que a casa foi milagrosamente transportada por anjos de Nazaré para Loreto. O propósito deste programa é, portanto, conduzir os fiéis para a verdade da fé, através de uma devoção popular e aprovada pela Igreja.

Os vários estudos científicos acerca da origem da casa de Loreto indicam que aquelas três paredes foram, de fato, construídas em Nazaré, seja pelo material usado no edifício, seja pelo estilo arquitetônico. Sabe-se, por exemplo, que a casa de Jesus em Nazaré possuía uma gruta e era fechada por três paredes. Na parede maior, havia uma porta onde, há dois mil anos, o anjo Gabriel teria aparecido para dar a notícia do nascimento de Cristo. A casa pertencia a São Joaquim e Sant’Ana, pais da Virgem Maria.

O mistério da Encarnação de Cristo é mais bem detalhado no Evangelho de São Lucas, embora ele não traga nenhum relato físico sobre o local onde estava Nossa Senhora no momento da aparição. Em todo caso, a possibilidade certa de que a casa de Loreto seja realmente a residência onde Jesus passou trinta anos de sua vida, servindo silenciosamente à Virgem Santíssima enquanto se preparava para o ministério público, é suficiente para nos comover e inspirar sentimentos de piedade e louvor a Deus.

Na década de 1980, a mentalidade cientificista desencadeou o surgimento de uma série de teses para justificar racionalmente o transporte da casa de Nazaré para Loreto. Foi assim que se construiu a narrativa de que as paredes haviam sido trazidas pelos cruzados, durante as expedições na Terra Santa, sob o patrocínio da família Angeli. Para provar essa tese, os seus entusiastas recorreram a um suposto documento do Arquivo Secreto do Vaticano, o Chartularium Culisanense, em cuja folha 181 listam-se os presentes de casamento para uma família, e entre esses presentes estão algumas pedras da casa da Virgem Maria.

O que essa tese não explica é como, em 1291, os cruzados poderiam ter desmontado as paredes de Nazaré, carregado as três até a Itália e montado todas exatamente como antes, usando ainda argamassa da Palestina. Do jeito que está disposta, o certo é que a casa foi transportada inteiramente, por meio de um esforço de engenharia inimaginável. As três paredes também se encontram num chão sem fundamento, exatamente no meio de uma estrada. Além disso, parte da parede central está em cima de uma vala. Não parece razoável que forças humanas tenham empreendido um esforço hiperbólico para trazer essa casa de Nazaré e depois montá-la assim tão absurdamente. A própria autenticidade do Chartularium Culisanense é bastante duvidosa. A Igreja, por sua vez, crê no milagre, e alguns santos como Catarina de Bolonha e a beata Ana Catarina Emmerich tiveram visões dos anjos transportando a casa para Loreto.

Mas o ponto principal da casa de Loreto é a meditação sobre a Encarnação de Cristo. A humildade daquelas paredes e a simplicidade dos cômodos ajudam-nos a pensar no quanto Deus se despojou de Sua grandeza para assumir a condição humana. Durante 30 anos, Ele viveu numa casa em condições insalubres, sem luz elétrica, sem água encanada ou serviço de esgoto, sem travesseiro, colchão ortopédico e ar condicionado, coisas que, mesmo nas favelas, hoje estão presentes para usufruto de quem quer que seja. Trata-se do grande mistério da pobreza de Deus, que veio nos ensinar o desapego total pelas coisas deste mundo passageiro. Se nos desapegarmos dos tesouros deste século, poderemos, afinal, oferecer nosso coração como morada para Jesus. E assim será Natal de verdade em nossas casas.

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