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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 2, 22-35)

Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor. Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor.

Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.

O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”.

No dia de hoje, há 850 anos, era martirizado o grande arcebispo S. Tomás Becket. Becket fora um rapaz extraordinário, de grande virtude e inteligência. Desde a tenra infância foi educado como bom católico. Era, já em menino, de uma pureza extrema e de inteligência e talento extraordinários. O então arcebispo de Cantuária, Teobaldo, viu os potenciais do menino e o estimulou a dedicar-se aos estudos. Becket estudou filosofia, teologia, direito, e todo esse talento acabou chegando aos ouvidos do rei, Henrique II, que o nomeou chanceler (isto é, o braço direito do rei no governo da Inglaterra), embora Becket fosse apenas diácono com o título de arcediago. Becket, assim, começou a participar da vida da corte, mantendo-se contudo na prática das virtudes, que tantos obstáculos encontram em ambientes ligados a interesses de poder, rodeados de glórias, honrarias, faustos e externalidades.

Acontece, porém, que veio a falecer o arcebispo da Cantuária, e o rei Henrique II, propôs o nome de Tomás para o cargo de arcebispo. Becket não hesitou e disse ao monarca: “Senhor rei, até agora, nos negócios de Estado, nós agimos em plena comunhão” — a ponto de o povo dizer que o rei e o seu chanceler eram um só coração e uma só mente —, “mas se vós me nomeardes arcebispo, vosso amor logo se transformará em ódio”. O santo estava alertando que, uma vez no cargo de arcebispo, seria responsável por defender os direitos da Igreja, direitos que eram muitas vezes pisados por Henrique II. O rei fez pouco caso, e Tomás Becket foi sagrado arcebispo de Cantuária, primaz da Inglaterra, sucessor do grande S. Anselmo, e assim começou uma vida de grande ascese. Externamente, ele usava todas as vestes episcopais suntuosas, como convém à dignidade do cargo; mas, interiormente, andava de cilício, levava uma vida austera e de penitência. Ele também começou a lutar pelos direitos da Igreja, a ajudar os pobres, a fazer a Igreja progredir no seu caminho de evangelização, o que foi acendendo a ira do rei. A perseguição do monarca, que até então fora amigo do novo arcebispo, tornou-se tão aguda que Becket teve de fugir para a França, onde ficou exilado por seis anos. Por isso, Henrique II entrou em conflito com o rei da França e até mesmo com o papa, insistindo em que deveriam destituir aquele arcebispo. Tomás Becket, no entanto, continuou em sua posição. Depois de longas tratativas, confusões e conversas, resolveu-se que Tomás Becket poderia enfim voltar para a Inglaterra a fim de cumprir sua missão de arcebispo.

De volta porém à Inglaterra, encontrou o rei ainda indisposto, persistente em seu mal-querer, num clima que era tudo menos agradável. Certa feita, durante um banquete, o rei, talvez já meio embriagado, desabafou aos comensais, dizendo: “Como é possível que sejais meus cortesãos e não me livreis desse padre importuno?” Ora, quatro membros da corte viram nas palavras do rei um “pedido” e resolveram matar S. Tomás Becket. No dia 29 de dezembro, 850 anos atrás, entraram na catedral, e Becket foi gloriosamente martirizado, atestando sua fidelidade ao rei nos seguintes termos: “Sou arcebispo, não um traidor”, ao mesmo tempo que rezava por seus algozes e entregava a própria alma por amor a Jesus Cristo. O mártir foi logo aclamado pelo povo inglês e pela Igreja no mundo inteiro. Sim, trata-se de um mártir maravilhoso, cheio de amor a Cristo, fidelíssimo à Igreja, que começou a operar milagres, o primeiro dos quais foi a conversão do mesmo rei, Henrique II, que, vestido de penitente, se flagelou em público, pediu perdão por aquela morte, de algum modo causada por ele. Mais tarde, o santuário em que foram depostas as relíquias de S. Tomás Becket tornou-se objeto de peregrinação da Europa inteira. Milagres e grandes curas aconteceram, curas que vêm de um coração de verdadeiro arcebispo, que soube defender os direitos da Igreja contra os poderes mundanos que pretendiam escravizá-la.

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