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Por que Cristo não se manifesta ao mundo?

Nesta vida terrena, cremos sem nada ver, para que um dia, na vida eterna, possamos ver o que cremos. É assim que Jesus quer ser manifestar a nós: exercitando a nossa fé, que nada enxerga, para aumentar o mérito de podermos enxergar, na pátria do céu, a plenitude do que Ele nos foi manifestando pouco a pouco na terra.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 14, 21-26)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”. Judas – não o Iscariotes – disse-lhe: “Senhor, como se explica que te manifestarás a nós e não ao mundo?” Jesus respondeu-lhe: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”.

No Evangelho de hoje, o Apóstolo S. Judas Tadeu, com tivesse ouvido inúmeras vezes o Senhor dizer que viera pela salvação do mundo inteiro, pergunta-lhe admirado: “Como se explica”, isto é, qual é a razão por que “te manifestarás a nós e não ao mundo?” (v. 22). O mesmo já haviam pedido os irmãos de Jesus: “Já que fazes essas obras, revela-te ao mundo” (Jo 7, 4). A resposta que o Senhor dá ao Apóstolo pode parecer-nos até uma evasiva, dada sua aparente desconexão com a pergunta, mas ela é não só adequada como de grande profundidade: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (v. 23), e acrescenta logo ao final: “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito” (v. 26). Mas o que tem a ver, afinal de contas, a manifestação de Cristo com a inabitação de Deus em quem o ama, por um lado, e o envio do Espírito Santo, por outro? Jesus mesmo o tinha respondido, antes de que lho perguntasse S. Judas: “Quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (v. 21). O Apóstolo, levado por seus pensamentos humanos, pensava na manifestação pública da glória de Cristo, enquanto Cristo, mais zeloso da santificação das almas, falava de sua manifestação íntima aos que nele têm fé. É verdade, sim, que Ele viera pela salvação de todos, mas nem a todos Ele quis manifestar-se, senão apenas aos que a isto foram predestinados. É esta a opinião de S. Tomás de Aquino, a quem se unem alguns tomistas dizendo que era conveniente, a fim de preservar o mérito da fé, que o Senhor se limitasse a dar apenas as provas suficientes para tornar crível a sua Ressurreição, de forma que ninguém a pudesse negar razoavelmente (cf. Antonio R. Marín, Jesucristo y la vida cristiana, n. 334). Só a alguns foi dada a graça de ver o Senhor em sua primeira vinda, antes e depois da Páscoa; no entanto, a todos está aberta a possibilidade de verem agora, antes do seu retorno definitivo, não com os olhos do corpo, mas com os da fé e com a esperança do amor. É por isto que Ele dissera: “Quem me ama será amado por meu Pai, e”, como recompensa deste amor atravessado de fé e confiança, “eu o amarei e me manifestarei a ele”, dando-lhe um conhecimento cada vez mais profundo de mim, pelo crescimento da fé em mim depositada, e preparando-o para ver-me, então a rosto descoberto, na pátria celeste. São estas, pois, as condições que Jesus impõe às suas manifestações: que o amemos, guardando a sua palavra e que estejamos em graça, tendo em nós a presença do Pai e do Filho e, por concomitância, do Espírito Santo que nos foi dado; é assim que Ele se nos quer revelar, deixando-nos assentir na obscuridade da fé e merecer, desta forma, aquela visão beatífica que somente Ele nos podia merecer. — Prestemos a Cristo o obséquio razoável da nossa fé, lutemos por ter uma vida cristã, séria e comprometida, guardemos como um tesouro precioso a graça que o Espírito Santo derramou em nossos corações e façamos crescer, de dia para dia, a fé e a esperança de vermos, plenamente manifestado, o Cristo que agora se manifesta às ocultas, com o suave toque da graça: “Felizes aqueles que creem sem ter visto” (Jo 20, 29)!

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