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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Marcos
(Mc 13, 33-37)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando.

Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”


Estamos iniciando um novo ano litúrgico, e com ele iniciamos também o Tempo do Advento. É o tempo da vinda de Nosso Senhor, em que precisamos acolher o ensinamento da Igreja e o que ela pretende que nós vivamos neste tempo de espera. 

Em primeiro lugar, o Tempo do Advento é um tempo de preparação para o Natal. A festa do Natal foi fixada no dia 25 de dezembro, mais ou menos no século IV e, de lá para cá, a Igreja foi sentindo necessidade de preparar essa comemoração do mistério da Encarnação.

É importante lembrar que o Natal não é o “aniversário” de Jesus. Não se trata de celebrar o aniversário de uma pessoa que nós amamos. É algo muito mais profundo do que isso.

O Natal é a celebração do mistério da Encarnação, o mistério de Deus que vem para estar conosco, de Deus que se torna presença na nossa vida. Deus habita em luz inacessível; Deus criou todo o universo e, é claro, Ele está presente em todos os lugares, mas presente de uma forma que não se nota, que não se vê; portanto, nós, se tivéssemos somente essa presença de Deus, enquanto Criador, não saberíamos em plenitude todo o amor que Ele tem para conosco. Deus quis vir a este mundo.

Deus se encarnou e se tornou homem para estar presente em nossa vida. É, para esse grande mistério da presença de Deus encarnado em nossas vidas, que nós queremos nos preparar.

A Igreja, vendo esse grande mistério do Natal, percebeu em sua sabedoria que não existe melhor atitude para nos prepararmos do que ter um tempo de penitência. Por isso, a Igreja se veste de roxo para viver estas quatro semanas que antecedem o Natal.

Antigamente, em alguns lugares, o Tempo do Advento era mais comprido do que isso e se iniciava com a festa de São Martinho de Tours, dali se estendia um período de penitência de 43 dias até o Natal, quase que imitando a Quaresma. No entanto, com o passar do tempo se diminuiu a quantidade de dias, e a coisa ficou reduzida a quatro semanas. Nessas quatro semanas, o que nós temos de fazer? Nós precisamos viver um tempo de penitência, de tal forma que possamos estar mais aptos para ver a presença de Deus em nossas vidas. 

Que presença é essa? São Bernardo — juntamente com outros santos escritores, inclusive Padres da Igreja como Santo Agostinho — recorda-nos que são três as vindas de Jesus.

Existe a primeira vinda na humildade da manjedoura, do presépio, quando Jesus veio  a este mundo na forma de servo: “Deus conosco”, Ele está presente no nosso meio. Existe uma outra vinda, a vinda definitiva na glória, quando, no Fim dos Tempos, Ele vier como Senhor e juiz glorioso para estabelecer o seu Reino.

Mas existe também uma terceira vinda, uma vinda intermediária entre as duas de que falamos. É a vinda contínua e constante de Jesus em nossas almas; e é exatamente essa vinda que nós precisamos proporcionar no Tempo do Advento. Ou seja, preparar bem o Natal é preparar e viver a vinda de Jesus em nossas almas.

Digamos isso de forma mais concreta. Quando você está em estado de graça, Deus habita no seu coração. É muito importante, então, você entender essa presença de Deus. Como Deus veio morar em você? Deus veio, tocou a sua alma, e você abriu-se para Deus, aceitando receber o sacramento do Batismo; posteriormente, se você cometer um pecado mortal e, arrependido, buscar a Confissão, Deus vem mais uma vez e restabelece morada no seu coração. Essa é uma presença verdadeira, que nós temos de saber valorizar.

Foi Jesus quem disse na Última Ceia: “Quem fizer a minha vontade e obedecer os meus mandamentos, eu e o Pai viremos e faremos nele a nossa morada” (Cf. Jo 14, 23). 

Como é que Jesus pode vir com o Pai? Bom, Ele vem porque envia o Espírito Santo, que faz do nosso coração o seu templo, e onde está o Espírito Santo, aí está o Pai e aí está o Filho. Nós temos essa presença da Trindade em nosso coração, é a vinda de Deus em nós.

O problema é o seguinte: quando você está em estado de graça e Deus está presente em seu coração como amigo, você não nota essa presença. Por isso nós precisamos de um tempo de Advento para que, desapegando-nos das coisas deste mundo, de nós mesmos e de nossas paixões desordenadas, consigamos enxergar minimamente a presença de Deus no nosso coração.

Façamos uma comparação. O Natal é sempre uma festa de luz, principalmente porque no hemisfério norte, na Europa e na terra onde Jesus nasceu, nós estamos no tempo do inverno, em que as noites são mais compridas, e o tempo em que o dia fica escuro é bem mais longo. Razão pela qual é bastante propícia uma festa de luz. 

Por isso também as pessoas iluminam as ruas com árvores de Natal. Um pouco disso nós vivemos também no Brasil, mas o pessoal de Portugal vive isso com muito mais intensidade do que nós, porque eles estão no inverno, e nós estamos em pleno verão. Bom, o fato é que, se você quer ver a luz das estrelas; se você, durante uma noite escura, quer enxergar a luz das estrelas, você precisa apagar a luz da cidade. Nas grandes cidades, dificilmente se vê a luz das estrelas.

Para enxergar as luzes do céu, é necessário apagar a luz da terra. O mesmo acontece na vida espiritual. Deus está presente dentro de você. Ele veio e nasceu dois mil anos atrás. Jesus virá na glória, num dia e numa hora que nós desconhecemos; mas Ele também vem até nós todos os dias, porque Ele habita em toda alma alma que vive em estado de graça. Mas se você não vê, não nota ou não percebe, é porque alguma coisa está cobrindo ou ofuscando a luz de Deus.

A consequência disso tudo é que você se sente sozinho, acha que foi abandonado por Deus; e no entanto, Deus é uma presença viva, Deus é um advento, uma parusia. “O Reino de Deus está dentro de vós”, diz Jesus no evangelho de São Lucas.

Como então encontrar a realidade deste “Deus que está dentro de mim”, que é “interior intimo meu” (Santo Agostinho, Confissões, 3.6.11), que é mais íntimo do que o meu próprio íntimo? Você precisa apagar as luzes terrenas para enxergar a luz celeste.

Esse é o Tempo do Advento. O Tempo do Advento é um tempo de penitência em que a Igreja pede a você um exercício de ascese, de desapego de certos prazeres, de certas comodidades. Você pode fazer um jejum, uma abstinência, um sacrifício, algumas vigílias, para que então você vá moderando as paixões, vá apagando as luzes dos impulsos desordenados dentro de você e vá fazendo a experiência maravilhosa, extraordinária, de enxergar a Deus, que habita no seu coração. A penitência ou ascese do Advento é muito importante, mas não é o meio mais importante para você perceber a luz divina dentro de você.

O que é o mais importante no Tempo do Advento? É a oração, ou seja, a meditação sobre a Palavra de Deus. Agora que nós estamos começando o Advento, fica aí o convite para você tirar um tempo mais para rezar, para estar com Deus, para meditar a Palavra de Deus e, assim, deixar brilhar a luz da presença divina que está dentro de você.

De forma prática, devemos seguir três passos fundamentais para viver o Tempo do Advento.

Primeiro passo: estar em estado de graça. Se você não está em estado de graça, não adianta. Não é uma questão de moralismo. É um requisito indispensável para a saúde do nosso organismo sobrenatural.

O Batismo cria em nós um organismo sobrenatural. A Confissão restaura esse organismo, que foi como que mutilado pelo pecado grave. Então, para fazer uma comparação, é como se você tivesse um olho espiritual que pode ver a luz divina; mas, se esse olho está doente, você não vai ver nada. Precisa restaurar a saúde dele.

Então, o primeiro passo é você ter olhos para enxergar. Não adianta nada se você não está em estado de graça. Se você está com dificuldades, vivendo uma situação de pecado, o Advento é exatamente um tempo de conversão. É um tempo favorável para pedir a Deus cada vez mais fé, para que você tenha essa “força do alto”, essa ajuda de Cristo para decidir amar Jesus e segui-lo, voltando assim ao estado de graça. Então, faça seu exame de consciência e realize uma boa Confissão.

Segundo passo: uma vez que você está em estado de graça, você precisa rezar. Por quê? Porque a oração é o meio pelo qual você vai receber esse alimento espiritual, esse toque da graça, essa luz divina que vai iluminar seu interior. Não basta que seu olho esteja sadio; pois, se a luz não acender, o olho não consegue enxergar nada.

Então, o que é a oração? A oração é um tempo que você precisa dedicar para estar com Deus e, assim, enxergar a sua luz. Como é muito difícil as pessoas, no início da caminhada, enxergarem essa presença de Deus dentro delas, Jesus resolveu nosso problema, e já que Ele é “Deus conosco”, Ele nos deu a Eucaristia. 

Então, esse é o segundo passo. Uma vez que você está em estado de graça, para você se habituar com a presença de Deus em seu coração, deve comungar com frequência. Na comunhão, você vai ter essa presença garantida durante uns dez, quinze minutos, enquanto subsistirem as espécies do pão e do vinho. Mas é necessário comungar bem. Sem isso, não adianta.

E o que quer dizer “comungar bem”? É comungar com fé, que, na prática, significa que você vai voltar para o seu banco depois de ter comungado e vai amar Jesus concretamente por meio de uma oração vocal amorosa, generosa, piedosa a Cristo, que estará habitando em você. E, assim, você vai recebendo uma “força que vem do alto”.

Mas não pense que esse momento será de consolações interiores. Você pode não sentir nada, aparentemente; mas se você comungar com fé e amar Jesus durante aqueles dez ou quinze minutos, você vai começar a ver uma mudança na sua vida; você vai começar a ver o quanto a sua fé vai aumentando e começarão a surgir as virtudes. A vida vai mudando.

Então, se você, no Tempo do Advento, fizer o propósito de comungar com mais frequência, de ir à Missa diária, se possível, ou, se não é possível, à Missa várias vezes por semana, você estará vivendo bem o Advento, habituando-se assim à presença de Cristo.

Se você não tem condições de ir à Missa, não tem condições de comungar, então pelo menos vá ao sacrário. Visite o Santíssimo Sacramento, coloque-se diante da presença eucarística de Jesus. Mas, para isso, apague as luzes do mundo e permita que a luz de Deus comece a brilhar.

Um terceiro ponto que pode e deve ser feito, uma vez que você se habituou à presença de Jesus na comunhão e aprendeu a amar Jesus comungando de forma correta na sua vida, é a questão da meditação. A palavra “meditação” muitas vezes não é entendida pelas pessoas. As pessoas acham que meditação é um exercício somente intelectual, frio e distante. Não é isso.

Precisamos meditar a Palavra de Deus e sua verdade, que pode estar presente na Bíblia, como de fato está, de forma excelente, ou em livros mais fáceis de compreender, como a Imitação de Cristo, e em outros livros de meditação clássicos. Devemos pegar esse texto e começar a ruminá-lo, falando com Jesus a respeito daquela verdade, conversando com Ele sobre aquilo.

Suponhamos que você tirou meia hora para rezar. Naquela meia hora, talvez uns trinta segundos ou dois minutos, você realmente enxergou um toque suave da graça, uma luz interior. Esse é o caminho para você descobrir como essa palavra que você está lendo na verdade é uma palavra que está dentro de você; é Jesus nascendo na manjedoura do seu coração.

Meu irmão, veja que fantástico! Essa palavra realmente está viva dentro de você. Você não nota por quê? Porque as luzes da cidade não permitem que você veja a luz do Céu. Mas se você realmente se recolher e tirar um tempo de oração, você vai começar a notar essa presença de Jesus.

Esses três passos não são para grandes místicos, não são para pessoas especiais ou para monges; são para qualquer pessoa, para qualquer estado de vida. Você pode, no meio do seu trabalho, no meio da sua vida real e concreta, tirar um tempo para descobrir essa presença real e verdadeira de Cristo, que está no seu coração.

Iniciamos agora o Tempo do Advento. Os Santos Padres, especialmente São Bernardo, de forma lapidar, nos recordam: são três as vindas de Cristo. A vinda de Cristo na humildade e na manjedoura; a vinda de Cristo no dia a dia, em nossa alma; e a vinda de Cristo no Fim dos Tempos, para julgar os vivos e os mortos.

Neste início de Advento, queremos chamar a sua atenção para a vinda de Cristo na sua alma; esta vinda de Cristo, que está acontecendo agora se você está em estado de graça.

Então, recapitulemos os três passos que possibilitam e favorecem essa vinda: primeiro passo: esteja em estado de graça, fazendo uma boa Confissão; segundo passo: comungue com frequência e se habitue à presença de Cristo dentro de você; terceiro passo: aprenda a rezar e a meditar para enxergar essa presença de Deus que brilha em nossas almas.

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