21. A ciência de Cristo. — Se Cristo, como diz S. João, é “cheio de graça e de verdade” (Jo 1, 14), é evidente que se lhe deve reconhecer um conhecimento elevadíssimo, não somente como Deus, mas também como homem. É a sentença mais comum entre os Padres, Doutores e teólogos de todas as épocas, mas que foi posta em xeque a partir de meados do séc. XIX, com o surgimento da heresia modernista. Para os modernistas, de modo geral, a Cristo se deve atribuir não apenas certo grau de ignorância, mas também o fato de ter-se realmente equivocado em determinadas matérias. Prova disso, pensam eles, seriam suas últimas palavras na cruz, um sinal de que o desiludido rabino galileu, vendo-se abandonado pelo Pai, teria finalmente entendido que a vinda do Reino não era tão iminente como Ele havia imaginado. É por isso que o modernismo nega a Jesus toda e qualquer ciência infalível, ao mesmo tempo que afirma que Ele não teve sempre consciência de sua dignidade messiânica, senão que a foi “descobrindo” pouco a pouco (cf. S. Pio X, Decreto “Lamentabili”, de 3 jul. 1907, prop. 35: DH 3435).
Nada disso, porém, é compatível com o dogma católico nem com o testemunho da Escritura e da...