14. A união das duas naturezas. — Como vimos na aula passada, o dogma da Encarnação, segundo o qual os católicos cremos que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, supõe o que a Igreja denomina, em sua linguagem canônica, união hipostática. Já esboçamos o que se entende por essa expressão. Convém insistir agora em algumas distinções importantes, para que compreendamos da maneira mais adequada possível, dentro do que permitem nossos pobres conceitos, este grandíssimo mistério sobrenatural. Pois bem, o conceito de união hipostática articula duas noções filosóficas básicas:
a) Por um lado, a noção de natureza, que para a filosofia clássica significa não apenas o conjunto das coisas naturais (as plantas, os animais etc.), mas também o constitutivo íntimo que faz cada coisa ser o que é, como membro de uma dada espécie. A natureza, tomada nesse sentido, é o que responde à pergunta pelo quid ou essência de um ente determinado: o que é isto? Uma pedra, um cavalo, um homem, um anjo, Deus etc.
b) Por outro lado, a noção de pessoa, que significa o sujeito (também chamado de suposto ou hipóstase) subsistente que realiza operações por meio de uma natureza...