26. A dupla vontade de Cristo. — Se em Cristo, como temos visto, há duas naturezas intelectuais íntegras e inconfusas — a divina e a humana —, e se a toda natureza intelectual corresponde um intelecto, pelo qual conhece a verdade, e uma vontade, pela qual ama o bem apreendido pelo intelecto, é evidente que em Cristo deve haver não somente dois intelectos, mas também duas vontades: uma própria da natureza divina, comum às três pessoas da SS. Trindade, e outra pertencente à natureza humana assumida. Trata-se de uma consequência lógica da união hipostática, que supõe da parte do Verbo a assunção, em unidade de pessoa, de uma humanidade completa, com todas as partes que lhe convêm essencialmente.
27. Alguns erros contrários. — Negaram a existência de uma dupla vontade e operação em Cristo os hereges apolinaristas, para os quais o Verbo divino desempenhava a função de intelecto na natureza humana, a qual estaria desprovida, portanto, de faculdades cognoscitivas e apetitivas próprias; os maniqueus, segundo os quais Jesus não seria homem verdadeiro, mas aparente; os monofisistas, que, por não admitirem mais do que uma natureza em Cristo, não podiam, como é lógico, conceber...