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Texto do episódio
1777

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 10, 35-45)

Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”. Ele perguntou: “O que quereis que eu vos faça?” Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!” Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?” Eles responderam: “Podemos”. E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado”. Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João. Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.

Neste 29.º Domingo do Tempo Comum, lemos o Evangelho de São Marcos, capítulo 10, versículos de 35 a 45. Primeiramente, vamos apresentar o contexto desse Evangelho para entendermos o que Nosso Senhor está querendo dizer. Há alguns domingos, no capítulo 8 de São Marcos, nós lemos o Evangelho da confissão de São Pedro. Jesus perguntou: “Quem dizem os homens que eu sou?”, e Pedro então respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus”. E nesse momento, Nosso Senhor começou a ensinar algo que, para os discípulos, era de difícil compreensão: que Ele iria subir para Jerusalém, onde viveria sua Paixão, Morte e Ressurreição. 

São Pedro, então, chamou Jesus e disse: “Senhor, que isso não aconteça!”, mas Nosso Senhor, dirigindo um olhar severo para Pedro, respondeu: “Afasta-te, Satanás!”. Doravante — é importante saber disso para entender o Evangelho deste domingo — Jesus passa a tentar fazer com que esses bons cristãos, que são os Apóstolos — que já têm fé em Cristo e sabem que Ele é o Filho de Deus — abracem de vez essa verdade indigesta e tremenda chamada Cruz. 

Esta é a verdade: Jesus é o Filho de Deus que veio até nós e nos amou. E nós, juntamente com São Pedro, dizemos: “Tu és o Filho do Deus vivo, o Messias prometido há tantos séculos, Filho de Deus que se fez carne”. Até aqui, os Apóstolos também crêem nessa verdade. Mas Jesus explica que Ele veio para morrer por nós; São Pedro não entende e é chamado de Satanás. E então — já estamos no capítulo 9 — Jesus tenta explicar, pela segunda vez, que morrerá na Cruz. E é justo nessa hora que os Apóstolos estavam discutindo pelo caminho qual dentre eles era o primeiro. Mas por quê? Porque Jesus, enquanto Filho de Deus, veio para instaurar o seu reinado sobre um trono de glória. 

Então, Nosso Senhor, novamente, tenta iluminá-los, mostrando que, antes da glória, no meio do caminho, tem a Cruz. A propósito esta é a tentação eterna dos cristãos: nós queremos a glória sem cruz. Mas a cruz não é a exceção, senão a regra. Só há um caminho que nos leva para o Céu: “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8, 34). Nós não somos obrigados a seguir Nosso Senhor, mas se o fizermos, precisamos renunciar a nós mesmos.

Neste domingo, estamos lendo o capítulo 10 do Evangelho de São Marcos, em que Nosso Senhor, pela terceira vez, diz que vai para Jerusalém morrer na Cruz. Não lemos especificamente esse trecho; mas, para entendermos o Evangelho deste domingo, é preciso saber que ele se encontra logo na sequência do terceiro anúncio da Paixão. Ou seja, é a terceira vez que Cristo prevê e tenta ensinar que a Cruz o espera, que não há salvação sem essa morte redentora. Ele veio para isso. 

E qual foi a reação dos discípulos? Tiago e João vão até Jesus e pedem para se sentar, um à direita e outro à esquerda de Nosso Senhor, quando Ele vier em sua glória. Ou seja, eles não entenderam coisa alguma. Essa é a terceira vez que Jesus explica que morrerá na Cruz, que os discípulos têm de segui-lo para o Calvário, mas eles não entendem. Em resposta a Tiago e João, Jesus questiona: “Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que eu serei batizado?” (Mc 10, 38); e eles dizem: “Podemos” (Mc 10, 39). Mas eles não têm um entendimento claro do que estão respondendo, porque o cálice e o batismo de Cristo são a Cruz. 

Nosso Senhor veio do Céu para, no seu amor infinito por nós, entregar a sua vida e nos resgatar. O que podemos resumir do que foi dito até agora? Jesus está com os seus olhos ternos voltados para nós, que somos católicos; Ele não está falando para ateus, muçulmanos, budistas, xintoístas etc. Neste Evangelho, suas palavras são direcionadas àqueles que crêem que Ele é, verdadeiramente, o Filho de Deus encarnado. Jesus está tentando colocar primeiro em nossa mente, depois em nosso coração, a seguinte verdade salvífica: em sua bondade e no seu desígnio de amor, Deus determinou livremente que a salvação viria por meio da Cruz. 

Mas nós, que nos achamos importantes embora não sejamos nenhum exemplo de santidade, queremos, à semelhança de São Pedro, dizer a Jesus que morrer na Cruz é uma má ideia, como se houvesse outra maneira de realizar sua missão. Queremos que Nosso Senhor, no dia do Juízo, venha montado sobre um cavalo branco a fim de instaurar o seu reino. Mas Jesus diz que há algo de satânico nessa atitude. A palavra é dura, mas, de fato, há algo de satânico no católico que quer crer em Cristo, mas não quer abraçar a sua Cruz. “Afasta-te, Satanás!”, foi o que Jesus disse a Pedro. 

E então, Nosso Senhor anuncia pela segunda vez a sua morte, e os discípulos, ainda sem entender, querem saber quem será o primeiro — miséria satânica, soberba. Ele anuncia uma terceira vez, e novamente a soberba satânica manifesta-se nos discípulos: Tiago e João, como vimos, querem que os coloquem em posição de destaque. Ou seja, há não só uma cegueira, mas também algo de satânico nesse pedido de Tiago e João. 

Jesus, referindo-se a Pedro, já disse que algo de maligno estava presente, mas os discípulos continuaram sem entender. Mas o que, afinal, há de satânico nos filhos de Zebedeu? Ora, a oração que eles fazem. No futuro, esses Apóstolos serão, de fato, grandíssimos santos; mas, naquele momento, eles ainda não eram santos de modo algum. Eles já têm fé, mas ainda não conseguem entender.

Naquela ocasião, Tiago e João eram como os nossos “bons católicos” que vão à Missa dominical, devolvem seu dízimo, rezam o terço, seguem à risca as prescrições. Naquela época, Tiago e João eram como os nossos “bons católicos” que olham para os que estão fora da Igreja desejando-lhes um castigo divino, porque são ímpios e infiéis. Naquela altura, Tiago e João eram como os blogueiros ou influencers que tecem longos comentários na internet, condenando os outros, à procura de heresias e decretando excomunhões. Em suma, Tiago e João eram muito católicos, mas muito pouco santos. E por quê? Porque eles querem Jesus, mas não querem a Cruz. E por quê, afinal, estamos usando uma linguagem tão radical, chamando-os de satânicos? Porque o que ambos fizeram é precisamente a “oração” dos satanistas: “Seja feita a minha vontade, assim na terra como no céu”. 

Ao ensinar-nos a rezar, Nosso Senhor disse: “Seja feita a vossa vontade”, isto é, a vontade de Deus. Portanto, um cristão deveria rezar crucificando a própria vontade. Deveríamos nos aproximar de Jesus e ir à Missa no domingo, dispondo-nos a conformar a nossa vontade à dele. Precisamos desejar mudar de vida e buscar saber qual parte de nós Deus quer transformar. 

Deveríamos ir à Missa como um paciente que vai a um cirurgião, concordando com o procedimento, por mais que seja incisivo e doloroso. O coração do cristão quer o que Deus quer: “Seja feita a vossa vontade”. Porém, não é isso o que Tiago e João fizeram no Evangelho de hoje. 

No primeiro versículo, já vemos que o negócio começou errado: “Naquele tempo, Tiago e  João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: ‘Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir’” (Mc 10, 35). Tudo começou errado, porque esses Apóstolos apresentam-se a Nosso Senhor com a intenção de fazer valer a vontade deles, e não a de Deus. É como se, soberbos, eles quisessem que Jesus se sentasse, como um aluno, para aprender o que é bom. 

Estão seguindo a máxima dos satanistas: “Seja feita a minha vontade”. Máxima esta que não passa de propaganda enganosa. No início das tentações, Satanás apresenta-se como um “gênio da lâmpada” que pode realizar todos os nossos desejos; ele é o contrário de Deus, que nos exige amor e obediência. Isso está presente inclusive na literatura. No livro “Dr. Fausto”, de Goethe, Mefistófeles, o demônio, pergunta ao protagonista : “O que você quer?”. O demônio, então, oferece vida eterna ao Dr. Fausto se este vender a sua alma. Ou seja, inicialmente, para dominar a nossa alma, Satanás realiza os nossos caprichos; mas esse é o começo de uma grande escravidão. Satanás quer nos escravizar e, por fim, levar-nos à perdição eterna. 

O que o demônio realmente quer é fazer a vontade dele, porque é um rebelde. A propósito, como foi a queda de Satanás, criado por Deus como anjo de luz? Foi precisamente dizendo não à vontade de Deus: “Non serviam”, “Não servirei”. 

Satanás não fez a vontade de Deus, e há pessoas iludidas achando que ele fará a vontade delas. Mas como isso é possível? Elas acham que podem colocar o diabo no bolso. A verdade é que existem diversas “religiões” nas quais Satanás se disfarça; no entanto, ao fim e ao cabo, a identidade de muitas delas é a mesma: há sempre um ministro ou “sacerdote” que pergunta à pessoa o que ela quer, qual desejo busca realizar. Então, na prática, a pessoa está repetindo aquela máxima satânica: “Seja feita a minha vontade”. 

É assim que caímos na conversa do diabo. São muitos os católicos laxos que caem na falácia do demônio e visitam outra religião, achando que lá eles finalmente terão o que quiserem. Novamente, a propaganda do diabo: “Seja feita a minha vontade”. Então essas pessoas fazem o que o diabo quer, para ele atender suas exigências, achando que conseguirão controlá-lo. Se o diabo não fez a vontade de Deus, por que ele fará a nossa vontade?

Ora, ele até pode no início, aparentemente, realizar algo da nossa vontade; mas depois ele nos escraviza. Mas com Deus acontece precisamente o contrário: nós fazemos a vontade dele e depois nós reinamos: “Servire Deo regnare est”, “Servir a Deus é reinar”. Por exemplo, ao observarmos a vida dos santos, vemos que eles fazem a vontade de Deus em todas as coisas e, agora, estão na glória do Céu. Da mesma forma, aconteceu com os anjos bons, nossos anjos da guarda: realizaram a vontade de Deus e hoje estão gloriosos no Céu, à nossa espera.  

Eis a escolha que devemos fazer: buscaremos um aparente reinado inicial para depois viver uma escravidão eterna; ou seremos servos amorosos de Deus para depois viver num reino eterno de glória? Por isso, quando formos rezar, é preciso ter cuidado: não podemos fazer orações que agradam ao demônio, por buscarem apenas a realização de nossas vontades.

Há pessoas que passam o dia inteiro rezando, achando-se santas; mas elas rezam mal e, às vezes, a oração delas é o seu próprio pecado, porque passa o tempo todo exigindo que Deus atenda às suas vontades. Elas se colocam no lugar de Deus. Apossam-se do trono divino, enquanto deixam o Criador na cadeira de aluno, anotando os seus pedidos. 

A realidade, porém, é oposta: nós é que somos os servos e precisamos rezar: “Seja feita a vossa vontade”. Pode parecer repetitivo o que estamos dizendo, mas se Nosso Senhor tentou ensinar três vezes aos Apóstolos, e não conseguiu, quem somos nós para, na terceira vez, obtermos sucesso? Portanto, vamos repetir: não é possível seguir a Cristo sem a Cruz. Aquele que quer o Cristo sem Cruz, termina com a Cruz sem o Cristo.

Jesus é muito bondoso, e devemos abraçar a sua vontade. Assim, quando formos rezar, busquemos mudar o nosso coração, e não mudar o coração de Deus, que já é perfeitíssimo, santíssimo, justo e sumamente digno de ser amado. 

Não façamos como os filhos de Zebedeu e aprendamos o que Nosso Senhor ensina ao final deste Evangelho: “Entre vós deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos” (Mc 10, 43-45). É importante observarmos que esse termo “resgate para muitos”, no original grego lytron (λύτρον), vem de  lyō (λύω), que significa “desamarrar”. Estávamos amarrados, cativos em Satanás, mas Jesus derramou o seu sangue na Cruz e nos desamarrou. O sangue de Nosso Senhor derramado na Cruz é o lytron (λύτρον), é o preço da alforria.

Então, somos responsáveis pela escolha do caminho que seguiremos: fazer a vontade de Deus e ser glorioso no Céu; ou ter uma aparência de glória neste mundo, mas depois ser escravo de Satanás para sempre. Esses são os caminhos sobre os quais Jesus quer nos ensinar. No entanto, será que estamos dispostos a aprender? Não sejamos só “bons católicos” como Tiago e João, mas sejamos verdadeiramente aquilo que esses Apóstolos se tornaram depois da Paixão e da Cruz de Cristo: santos que serviram a Deus nesta vida e hoje reinam com Ele no Céu.

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