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Texto do episódio
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Atenta às necessidades de cada época, a Igreja sempre adaptou fórmulas para a transmissão do Evangelho, a fim de que toda a sua riqueza se tornasse compreensível ao homem. Assim nasceram as várias versões do catecismo: o Catecismo Romano, o Catecismo de S. Pio X e, mais recentemente, o Catecismo da Igreja Católica, cuja redação é, sem dúvida, uma das mais importantes contribuições do pontificado de São João Paulo II. Nas suas particularidades, esses textos serviram de base para muitos santos e pessoas comuns instruírem os fiéis nos dogmas cristãos.

Até pouco tempo, o site do Padre Paulo Ricardo também oferecia aos seus alunos um curso de Catecismo da Igreja Católica, no qual se fazia uma leitura aprofundada de cada parágrafo desse precioso documento da Igreja. Mas a resposta do público revelou a necessidade de uma adequação, para que essa mensagem salvífica não se tornasse letra morta.

O próprio Catecismo Romano adverte: “Não imagine ele (o catequista) que lhe é confiado um único tipo de almas, e consequentemente lhe é permitido ensinar e formar de modo igual todos os fiéis à verdadeira piedade, com um só e mesmo método, sempre igual!” (Prefácio, n. 11). Por isso, apresentamos agora um novo curso de catecismo, em cujas aulas os alunos podem encontrar a mesma doutrina de sempre, mas de uma maneira “concisa, simples e acessível a todos”.

A base deste novo curso segue a seguinte inspiração: para construir uma catedral gótica, o engenheiro deve estudar o terreno, calcular o tamanho das pedras, contratar bons pedreiros etc. Basicamente, ele precisa elaborar um projeto que esteja de acordo com a natureza do seu empreendimento. Do mesmo modo, a catequese precisa ser orientada pela natureza da Igreja que, antes de tudo, é um edifício espiritual, o Corpo Místico de Cristo. Afinal de contas, a Igreja existe para levar as pessoas à comunhão com o Cristo ressuscitado e com a Santíssima Trindade.

A dificuldade de muitos cursos de catecismo por aí é que eles desconsideram totalmente a natureza espiritual da Igreja e, na ânsia de conquistar o público, acabam fazendo uso de recursos absolutamente profanos. Para usar uma expressão bem dura do Frei Maria Eugênio do Menino Jesus, “acontece que a pessoa se deixa fascinar pelos métodos de ação do reino de satanás” (2010, p. 214), que não são o sacrifício e a oração, mas a retórica e a propaganda.

Esses recursos, em si mesmos, não são de todo errados. Mas eles não são o suficiente para a edificação da Igreja, porque são incapazes de gerar a verdadeira fé no coração das pessoas, essa virtude sem a qual se torna impossível permanecer dentro do Corpo de Cristo. A verdadeira catequese, portanto, deve esforçar-se por introduzir a pessoa na fé cristã, na verdade que nos faz crer em Deus.

O homem realiza um ato de fé divina quando “crê em algo em virtude do testemunho divino, ou seja, porque Deus a revelou” (Royo Marín, 2015, p. 25). A partir desse momento, o batizado tem a obrigação de conhecer o conteúdo dessa fé, de maneira tal que esse mesmo conteúdo sirva para alimentar a sua oração e fervor diante de Deus, donde procede que a finalidade do catecismo é fazer ecoar a Palavra de Deus na vida de oração das pessoas. E assim se constrói a Igreja.

É possível que, no futuro, retomemos o curso antigo de Catecismo. Mas, agora, é fundamental que os alunos aprendam a arte da oração e a alimentem com os nutrientes adequados ao seu organismo, como dizia São Paulo: “Eu vos dei leite a beber, e não alimento sólido que ainda não podíeis suportar” (1 Cor  3, 2). Tudo isso para que você, aluno, adquira o hábito da fé, “que ultrapassa e transcende infinitamente toda ordem natural”, de modo que “seria impossível, por essa mesma razão, adquiri-la unicamente com as forças naturais” (Royo Marín, 2015, p. 28).

Referências

  • Antonio Royo Marin, O.P. A fé da Igreja. Campinas: Ecclesiae, 2015.
  • Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus, O.C.D. Ao sopro do Espírito. São Paulo: Paulus, 2010.
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