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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 17, 11b-19)

Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos para o céu e rezou, dizendo: “Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um assim como nós somos um. Quando eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que me deste. Eu guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para se cumprir a Escritura. Agora, eu vou para junto de ti, e digo estas coisas, estando ainda no mundo, para que eles tenham em si a minha alegria plenamente realizada. Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os rejeitou, porque não são do mundo, como eu não sou do mundo. Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo.

Consagra-os na verdade; a tua palavra é verdade. Como tu me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo. Eu me consagro por eles, a fim de que eles também sejam consagrados na verdade”.

As palavras com que Nosso Senhor pede ao Pai a unidade entre os fiéis são uma ocasião oportuna para refletirmos hoje sobre a unidade da Igreja, como professamos no símbolo niceno-constantinopolitano: “Creio na Igreja una”. Ora, por “unidade” se podem entender três coisas. Por um lado, a unicidade numérica da Igreja, entendida como uma única sociedade religiosa, fundada por Jesus Cristo para ser o Reino de Deus na Nova Aliança, onde se reuniria o novo Israel, continuação e consumação do antigo povo eleito. É evidente que Cristo não pede ao Pai a unidade ao fiéis nesse primeiro sentido, porque isso suporia que a Igreja Católica, em algum momento ou de alguma forma, se desagregou em diversas “igrejas”, diversos “reinos” e diversos “povos”, o que é incompatível com o ensinamento claro de que Jesus tem um só rebanho (cf. Jo 10, 16) e uma só casa, edificada solidamente sobre a rocha São Pedro, a quem foram confiadas as chaves do Reino de Deus (cf. Mt 16, 18). Se, com efeito, a Igreja é o Corpo místico de Cristo, segundo a expressão do Apóstolo S. Paulo (cf. 1Cor 12, 12s; Ef 4, 4), é evidente que não pode haver mais do que uma única Igreja, pois Cristo é um só, como uma só é a cabeça do corpo. Por outro lado, “unidade” pode significar também unidade interna, no sentido de que os membros da Igreja se encontram unidos pelos mesmos vínculos: a) pelo laço da mesma fé, católica e ortodoxa; b) pelo laço dos mesmos ritos sacramentais; c) e pelo laço de uma comum subordinação à hierarquia eclesiástica e, em último termo, ao Romano Pontífice. Também é evidente que o Senhor não pede ao Pai a unidade entre os fiéis nesse segundo sentido, porque não se pode ser membro da Igreja, em sentido real e profundo, se se rompem alguns desses laços, isto é, por pecado de heresia ou cisma. “Unidade”, por fim, pode significar uma unidade espiritual intensiva, tanto de cada fiel com a Igreja quanto de todos os fiéis entre si. Isso quer dizer que, sendo a Igreja em si mesma santa e imaculada, somos nós que afrouxamos com os nossos pecados pessoais os vínculos que nos unem a ela e, por conseguinte, com todos os que dela são membros. E é nesse terceiro sentido que se deve entender o pedido de Nosso Senhor: “Para que eles sejam um assim como nós somos um”, isto é, para que aqueles que, pertencendo por misericórdia divina à única e verdadeira Igreja de Cristo, cresçam em unidade com a Igreja, participando cada vez mais de sua própria pureza e santidade, e estejam verdadeiramente unidos aos seus membros pela caridade, assim como o Pai e o Filho estão unidos pelo Amor que é o Espírito Santo.

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