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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 21,28-32)

Naquele tempo, disse Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: “Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?”

Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”.

Celebramos hoje a memória de Santa Luzia, mártir do início do cristianismo morta na época do imperador Diocleciano, isto é, por volta de 250.

Luzia viveu na Sicília, ilha ao sul da Itália. No processo em que foi acusada de ser cristã, o juiz ameaçou jogá-la num prostíbulo, mas a santa respondeu mostrando o que é a moral cristã: “Não há pecado se a alma não consente”.

Eis a grande lição de Luzia. Mesmo que o corpo fosse entregue a atos sexuais profanadores, se o espírito se mantivesse casto, ela permaneceria virgem. E, de fato, Deus a protegeu por um milagre: deixou-lhe o corpo tão pesado, que ninguém pôde transportá-lo, até que finalmente a martirizaram. Hoje, ela é padroeira de Siracusa, na Sicília.

Que podemos aprender com a vida de Santa Luzia? Em primeiro lugar, lembremos que ela é padroeira dos olhos porque seu nome, Luzia, vem de “luz”.

Houve provavelmente certa assimilação entre esta mulher, que existiu historicamente, e o fato de que, na época em que se lhe festeja o martírio, também se celebra a grande festa da luz, o Natal, marcado para o dia 25 de dezembro devido ao solstício de inverno.

Trata-se da época do ano em que as culturas da Europa celebravam a luz por serem as noites muito longas e os dias, muito curtos. Nesse período de trevas, festejava-se durante a noite com velas, fogueiras etc. Daí, é provável, veio a associação popular entre Luzia, “luz”, e olhos.

Mas podemos tirar ainda outra conclusão. Santa Luzia, figura histórica, virgem que defendeu sua pureza, nos ensina que não há pecado se a alma não consente.

Costumamos pedir à Santa Luzia que nos proteja os olhos e a vista, mas também lhe podemos pedir a pureza de coração. Afinal, vivemos num mundo devasso. Na época de Luzia, não era tão fácil como o é hoje, infelizmente, expor os olhos a todo tipo de depravação sexual.

Peçamos à santa padroeira dos olhos que guarde nosso olhar e nos ensine, com sua virgindade e martírio, que, se a alma não consente, o corpo não peca; portanto, se nossa vista porventura deparar com algo indevido, saibamos desviar o olhar e não consentir.

Somente assim, guardando puros os olhos, faremos do Advento um tempo de verdadeira preparação para receber o Senhor. Todo o Advento está voltado para isso, para reformarmos a alma e nos prepararmos para a vinda de Cristo.

Que Santa Luzia rogue por nós e nos conceda, por sua intercessão, guardar a vista, jamais consentir em indecências, desviar o olhar do que acabamos vendo sem o querer e manter o coração puro para a chegada de Cristo.

* * *

COMENTÁRIO EXEGÉTICO

Exposição da parábola.a) Imagem (vv. 28-31a). Um pai tinha dois filhos, a quem mandou ir trabalhar à vinha. O primeiro desobedeceu-lhe a princípio, mas depois, arrependido, cumpriu as ordens do pai; o segundo, embora prometesse obedecer, não obedeceu de fato. Logo, só do primeiro se pode dizer que fez a vontade do pai. — b) Aplicação (vv. 31b-32), feita pelo próprio Salvador: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes vos precederão (gr. προάγουσιν = precedem) no reino de Deus (gr. εἰς τὴν βασιλείαν, lt. in regnum, com ac. de direção). Os dois filhos representam dois tipos de judeus, a saber: os (maus) religiosos, i.e. os chefes do povo (fariseus, doutores, príncipes dos sacerdotes) e os pecadores públicos: estes, após terem resistido à vontade de Deus, fizeram penitência; mas aqueles, embora se dissessem justos, não fizeram de fato o que Deus lhes mandara (cf. 23,3: dizem, e não fazem). Logo, os publicanos e as meretrizes (exemplificacão κατ’ ἐξοχήν = ‘os membros mais vis da sociedade’) entrarão no reino de Deus antes que os soberbos e os mais ‘santos’ entre os próceres do povo.

V. 32. Dá em seguida a razão disso: Pois veio a vós João no caminho da justiça, i.e. mostrando-vos por palavras e obras o caminho da justiça, ou da penitência, e não crestes nele; pelo contrário, os publicanos e as meretrizes (i.e. qualquer pecador) creram nele (cf. Lc 3,12; 7,29s); mas vós, vendo a conversão deles, nem arrependimento tivestes (lt. nec pœnitentiam habustis, gr. οὐδὲ μετεμελήθητε = não vos arrependestes, convertestes) depois para que crêsseis nele, i.e. nem depois disto, pelo menos, fizestes penitência, crendo por fim em João (cf. Lc 7,29s).

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