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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 11, 28-30)

Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

Após nos ter mostrado nos versículos anteriores a majestade de sua divindade (cf. Mt 11, 27), agora, para que diante dela não nos aterrorizássemos, Cristo nos mostra sua humanidade, e com terníssimas palavras chama todos os homens para junto de si. De fato, um legislador e príncipe, em quem reside a maior autoridade e poder, não tem maior virtude do que a benevolência e a mansidão. Assim Moisés, legislador e chefe dos hebreus, foi o mais manso de todos os mortais (cf. Nm 12, passim). Assim Cristo, legislador supremo e Cabeça da humanidade, é o mais benévolo, o mais doce e o mais manso que jamais houve entre os homens.

a) “Vinde a mim”, não com pés corporais, mas com afetos de fé, esperança e caridade, de religião, devoção e piedade. A Cristo, com efeito, entregou o Pai todas as coisas e o enviou como médico peritíssimo, a fim de curar, com os fármacos do seu divino amor, todas as nossas doenças físicas e espirituais. Ninguém além dele é capaz de nos devolver por completo a saúde: “Vinde a mim”.

b) “Todos vós”, sem excluir ninguém. Pois não há neste mundo quem não sofra alguma doença espiritual e, portanto, não necessite do remédio que apenas Cristo pode dar. A todos, pois, o Senhor se oferece e proclama que é a Ele, e a mais ninguém, que todos devem pedir saúde e salvação. Foi assim, com doçura infinita, que Ele corrigiu, elevou e curou a pecadora Madalena, o publicano Mateus, o perseguidor Paulo, o traidor Pedro. E é assim que, ainda hoje, Ele chama a todos na SS. Eucaristia, dizendo: “Vinde a mim todos vós, enfermos, famintos, aflitos: eu vos darei descanso”.

c) “Que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos”, seja este fardo o peso dos pecados, que nos matam a alma e nos incapacitam para o amor, ou as dificuldades e tentações desta vida, “porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e a morada terrestre oprime o espírito carregado de cuidados” (Sb 9, 15).

d) “E eu vos darei descanso”, com a verdade de minha doutrina; pela força de meus sacramentos, que são os medicamentos os mais eficazes; por minha graça e minhas consolações internas, que tornam suaves e suportáveis as mais duras provações; e, enfim, pela glória felicíssima do céu, prêmio incomparável com o pouco que por ora sofremos na terra.

e) “Tomai sobre vós o meu jugo”, isto é, vós, que vos submetestes ao peso intolerável do pecado e da concupiscência, vinde a mim, e eu trocarei este jugo pelo meu, que é o peso levíssimo da lei evangélica, dos preceitos da graça e do amor. Eu, com efeito, vos aliviarei, porque o meu jugo, embora não deixe de ter o seu peso, é ao mesmo tempo um remédio de suave sabor e como que um leito em que podereis descansar tranquilamente, se tiverdes a paciência que esta mesma lei vos ensina e prescreve. Porque a paciência sobrenatural que vos prometo e garanto é um remédio único e singular para todas as doenças, sejam de corpo, sejam de alma: “Nada é áspero aos mansos”, diz S. Leão Magno, “nada é duro aos humildes”. Assim, pois, como uma cota de malha resiste aos cortes em virtude de sua flexibilidade, assim também a humildade e a mansidão suportam, por sua própria leveza, toda aspereza.

f) “E aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso”. Imitemos, portanto, a humildade e a mansidão de Nosso Senhor, recorramos a Ele com irrestrita confiança, e decerto havemos de sentir o quão suave é o jugo de Deus. Temos em Cristo Jesus um amigo infinitamente confiável, um médico prudentíssimo, que jamais nos faria sofrer além de nossas capacidades. Abandonando-nos diariamente ao seu divino Coração, aprenderemos por sua graça a vencer com mansidão todas as dificuldades que esta vida opõe aos que desejam adorar a Deus e só a Ele servir [1].

Referências

  1. O texto desta homilia é uma tradução levemente adaptada de Cornélio a Lapide, Commentaria in S. Scripturam. Neapoli, 1857, vol. 8, p. 202-203.
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