CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®
Texto do episódio
00

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 7,5-20)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. Vós os conhecereis pelos seus frutos. Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? Assim, toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má pode produzir frutos bons. Toda árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo. Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis”.

Celebramos hoje a Memória de Santo Irineu de Lião, bispo e mártir extraordinário que deu a vida para defender a fé católica. Sua obra famosíssima, “Adversus haereses”, ou seja, “Contra as heresias”, é verdadeiramente uma coluna na Igreja sobre a necessidade de ter a verdadeira fé, a fé dos Apóstolos.

O Evangelho de hoje, providencialmente, coincide com o que foi a missão de Santo Irineu. No Evangelho, Jesus fala dos falsos profetas, ou seja, dos que tentam propagar uma fé contrária à fé dos Apóstolos. Toda a vida de Santo Irineu esteve voltada para este querer que as pessoas tivessem fé reta.

É importante entender que fé reta é a primeira coisa que a Igreja espera de um bom pastor. Infelizmente, já não temos essa sensibilidade. Hoje se pensa assim: “Se uma pessoa se comporta bem; se aquele padre ou bispo, pregador ou pregadora, tem uma vida reta etc., não faz mal em cometer alguns deslizes com relação à fé”.

Não é essa a atitude tradicional da Igreja. Durante dois mil anos, a Igreja compreendeu que o comportamento dos pastores, sim, deve ser santo, mas esse comportamento deve nascer da fé, porque é assim que funciona a vida espiritual. Em primeiro lugar, é preciso ter contato com a videira, que é Cristo, e a vida da videira passa para os ramos através do vínculo da fé. Se eu tenho fé, a fé verdadeira, a fé dos Apóstolos, então estou no Corpo de Cristo. Essa videira, então, irá produzir frutos bons, como diz o Evangelho. Somente quando se tem fé é que os frutos serão bons: se eu tiver fé reta, terei verdadeira santidade.

Por isso, é importante não cair na falácia de achar que basta ter uma vida de “caridade”. Ora, se fosse assim, e os tantos pagãos, os tantos hereges, as tantas pessoas que nem sequer são cristãs e têm uma vida virtuosa?

É que a virtude natural não nos faz membros do Corpo de Cristo. O que faz uma pessoa ser membro do Corpo de Cristo é a fé reta. Uma vez que se tem a fé reta, produzir-se-á o fruto bom, isto é, o fruto das boas obras. Uma coisa pressupõe a outra.

Então, é isso o que devemos compreender verdadeiramente: um cristão verdadeiro é aquele que, tendo fé em Cristo, vai transformando sua vida interior até finalmente frutificar em boas obras, senão caímos na heresia chamada pelagianismo.

O pelagianismo é a heresia de um monge virtuoso chamado Pelágio, do norte da Europa. Vindo das partes da Inglaterra, ele pensava que ter virtudes era suficiente, como se as obras por si só fossem salvíficas.

Santo Agostinho, que teve a experiência da graça de Deus, viu que não é assim: a graça age, sim; mas a graça age, em primeiro lugar, através da fé, e esta, por sua vez, vai iluminando o coração; depois de iluminar, ela aquece; depois de aquecer, faz amar de volta. Sim, o que nós temos de verdade é a caridade, e não obras que partem de forças humanas “brutas”. É a caridade de Cristo o que nos impele; construídos sobre a fé verdadeira, chegamos à verdadeira caridade.

Essa é a grande lição que este mártir extraordinário, Santo Irineu de Lião, tem a nos ensinar hoje.

O que achou desse conteúdo?

0
0
Mais recentes
Mais antigos
Texto do episódio
Comentários dos alunos