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Santo Estêvão e a participação na Redenção de Cristo

A seriedade que significa o nascimento do Salvador na noite de Natal aparece com toda clareza no martírio de Santo Estêvão, que mereceu ser o primeiro a testemunhar Aquele que, de agora em diante, tem total direito sobre as nossas vidas.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 10, 17-22)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: “Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações. Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.

Hoje, a Igreja celebra alegremente a Festa de Santo Estevão, o primeiro mártir cristão, e sua história ilumina significativamente a comemoração do Natal. 

Jesus, o Menino que nasceu, é a razão de ser da nossa própria vida. Nós já não nos pertencemos, pois somos de Cristo e, como diz o Salmo 63, “vosso amor vale mais do que a vida”. Estar na amizade de Nosso Senhor é mais importante do que a vida biológica; logo, um cristão deve sempre estar disposto a perder tudo por amor a Ele.

É evidente que Santo Estevão poderia ter feito algo para se livrar da terrível morte por apedrejamento, usando de esperteza para se livrar da acusação dos judeus. No entanto, ele, unido ao amor de Cristo, quis se entregar, de tal forma que a sua morte foi cristiforme, ou seja, configurada à de Cristo. As últimas palavras dele foram muito semelhantes às que Jesus pronunciou na Cruz. Santo Estevão disse: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”, um eco daquela frase que o próprio São Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, põe nos lábios de Jesus, recordando o Ele falou antes de morrer: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. 

Claramente, há um paralelo entre a morte de Estevão e a de Jesus. Além disso, Estevão padeceu também como partícipe da Redenção de Cristo. A oração que o santo fez por seus perseguidores, para que eles se convertessem, e o ato de se oferecer a Deus por amor a eles com certeza tiveram uma eficácia imensa. Entre os algozes e os que aprovavam a morte de Estevão estava Saulo, e não há dúvida: a prodigiosa conversão desse homem no caminho de Damasco foi fruto da entrega do mártir Estevão. 

Como então devemos celebrar a Oitava de Natal? Primeiro, devemos recordar o seguinte: Jesus veio ao mundo para nos dar a vida eterna e quer que todos os homens sejam salvos. Para isso, é necessário se converter, tendo fé e rejeitando os falsos deuses para abraçar ao verdadeiro, Jesus Cristo, o único no qual temos a salvação. Nosso Senhor quer que isso aconteça com todas as pessoas, mas conta conosco como instrumentos para que Ele possa nascer não apenas no coração dos cristãos neste Natal, mas também no coração do mundo inteiro.

Precisamos fazer o que fez Santo Estevão, entregar a Jesus nossas cruzes do dia a dia, nossos sacrifícios, nossas orações, e até mesmo nos oferecer como vítimas do amor misericordioso de Deus, a fim de que os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. A Igreja, perseguida e levada diante dos tribunais, conforme nos diz o Evangelho de hoje, é conduzida pelo Espírito Santo; portanto, perseveremos com Cristo sem medo, pois “quem perseverar até o fim será salvo” (Mt 24, 13). E podemos acrescentar: além de ser salvo, levará os outros à salvação.

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