Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 21, 5-11)
Naquele tempo, algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?” Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”. E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu”.
Jesus fala-nos no Evangelho de hoje da destruição do Templo de Jerusalém e dos sinais que acompanharão o Fim dos Tempos. Esse tom escatológico, tão característico das últimas semanas do Ano Litúrgico, aponta justamente para o caráter passageiro da história humana, cujo ponto final coincidirá com a vinda gloriosa do Filho do Homem, que dará aos justos a alegria do céu e aos maus, os tormentos do inferno. Ao longo desta última semana antes do início do Advento, a Liturgia das Horas cantará o hino Dies iræ, composto no século XIII por Tomás de Celano e largamente utilizado, até as reformas do Concílio Vaticano II, como sequentia antes do Evangelho nas Missas de Requiem. Somos assim despertados para a realidade daquele dia tremendo em que, ao som das trombetas do Juízo, se dissolverão em cinza os séculos, conforme o testemunho profético de David, rei de Israel, e da Sibila, símbolo dos povos pagãos, em cujo espírito, ainda que privado da luz da fé e das promessas divinas, não faltou essa intuição tão clara quanto humana de que o mundo, esfacelando-se pouco a pouco, há de chegar a um fim. A caducidade das realidades visíveis — a natureza, os corpos, a saúde, a beleza, o vigor físico etc. — grita-nos aos ouvidos e indica, inclusive aos que não crêem ou se obstinam na infidelidade, que o mundo não pode durar para sempre. E a Revelação divina, vindo lançar novas luzes sobre o que a razão natural por si mesma é capaz de descobrir, abre-nos o horizonte de um outro mundo, que não é transitório como este, mas eterno. Cristo virá, sim, e virá premiar com um Reino de amor e de paz, de justiça e de verdade, aos que perseverarem até o fim no cumprimento de seus Mandamentos e, de cabeça erguida e cheios de esperança, forem encontrados dignos de participar de sua Ressurreição. — Maranatha! Vem, Senhor Jesus!
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