Uma das notas distintivas da moral tomista é o seu caráter eminentemente positivo. Longe de engessá-la num quadro rígido de normas e proibições sem nenhuma justificação razoável, Santo Tomás de Aquino buscou estudar a ação humana sob a perspectiva privilegiada de um metafísico que sabe entrever, por entre as acidentalidades complexas do mundo real, aquilo que, nas operações do homem, é primeiro e determinante, a saber: a sua essencial ordenação a um fim. Nesse sentido, não seria errado dizer que, para o Doutor Angélico, agir moralmente consiste não tanto em evitar o pecado quanto em realizar o que de fato nos conduz à meta da nossa vida e à realização plena daquela excelência que estamos potencialmente destinados a alcançar. Não porque o pecado, que deve ser evitado a todo custo, seja de pouca importância; mas porque o que mais conta para fazer um homem santo não são as vezes em que deixa de cair, senão os seus decididos atos de amor.
São já bastante conhecidas as críticas que vez por outra se fazem ao ensinamento moral da Igreja; de casuística escrupulosa e obsessiva a um apriorismo tolo e quase puritano, muitas são as queixas dos que, vendo-a apenas de longe, julgam...