A caridade, como vimos até aqui, é um amor sobrenatural que Deus infunde em nossos corações para que, com o auxílio da sua graça, O possamos amar livremente como ao nosso mais dileto e preferido Amigo. Após termos considerado a caridade em si mesma, devemos perguntar-nos agora se e como ela pode crescer nesta vida. Lembremo-nos, antes de mais, de um princípio teológico de capital importância para a matéria desta aula. Como o próprio Santo Tomás faz questão de salientar, o homem encontra-se, nesta vida, na condição de viator, isto é, de caminhante ou viajante que se dirige para a pátria celeste. Ora, como todo peregrino, é-lhe necessário progredir de algum modo: sair do ponto de partida, percorrer os trechos intermediários até chegar, enfim, ao termo da viagem. Por isso, é preciso admitir que a caridade, enquanto meio de nos unirmos Àquele que é o fim último do homem, é capaz de crescer já nesta vida. De fato, uma vez que o amor consiste numa espécie de movimento em direção ao objeto amado, quanto maior for a nossa caridade, mais próximos e unidos estraremos à derradeira finalidade da nossa existência, a saber: Deus mesmo [1].
À semelhança, pois, dos demais hábitos, a...