Dentre as críticas que se costumam fazer ao sistema moral elaborado por Santo Tomás, a talvez mais recorrente seja aquela que o acusa de excessivo "dogmatismo": o Doutor Angélico, dizem alguns, parece confundir às vezes o objeto da Teologia Moral com o da Dogmática; os limites entre os dois campos não ficam bem delineados e, portanto, a moral tomista adquire um aspecto por assim dizer "confuso" e "heterogêneo". Esta crítica parece ser confirmada, de mais a mais, ao olharmos para o plano mesmo da Suma Teológica. Afinal, por que razão Tomás teria colocado o estudo dos atos humanos entre dois grandes tratados dogmáticos: o tratado sobre Deus uno, Trino e criador, de um lado, e o tratado sobre o mistério da Encarnação, de outro? Não seria mais conveniente, como faz o Catecismo de Trento, abordar primeiro tudo quanto diz respeito ao dogma para só então considerar a moralidade de nossas ações?
É no entanto o próprio Aquinate quem responde a essa objeção [1]. Devido à unidade de seu objeto, a Teologia é uma ciência una: ela tem a Deus por objeto e as criaturas apenas na medida em que a Ele se referem como ao princípio e fim de todas as coisas. Por isto, deve-se dizer que a...