A disputatio medieval, como já tivemos ocasião de notar, é herdeira da dialética grega — sobretudo daquela praticada por Sócrates na forma de maiêutica e refinada, tempos depois, por Aristóteles em suas pesquisas. As origens próximas da disputa medieval clássica, no entanto, prendem-se antes de tudo ao desenvolvimento, durante a Idade Média, da lectio e da meditatio, isto é, da leitura meditativa dos auctores aceitos e da subsequente explicação do texto por meio de glosas e comentários. Essa forma de exposição textual, que punha em evidência as passagens de mais difícil compreensão e as várias opiniões a respeito, levou ao surgimento da quæstio, que colocava em pauta, por sua vez, verdadeiros problemas teóricos e práticos suscitados pelas diversas interpretações.
Ora, como no século XIII as questões (e não tanto os textos em si) passassem a ser o objeto principal das discussões, veio a nascer, quase como outro "gênero literário", a quæstio disputata que aqui nos ocupa. Aperfeiçoada e depurada com o tempo, a questão disputada, tal como praticada por Santo Tomás, englobava harmonicamente dois métodos complementares: o analítico e o sintético. Mediante o primeiro, o...