Como vimos na primeira parte desta aula, uma das críticas mais infundadas que se costumam fazer seja à obra, seja ainda à figura mesma de Santo Tomás é a que pretende ver em sua teologia um esforço meramente intelectual, para não dizer "racionalístico", de dissecar com a razão humana os mistérios da fé divina. Nada, porém, mais distante da verdade do que querer atribuir ao pensamento do Angélico os vícios e excessos que caracterizam — se não de todo, ao menos em grande parte — o que se convencionou denominar "filosofia moderna". O Aquinate, como teremos ocasião de recordar nos próximos encontros, é e sempre será para os que desejam consagrar-se aos estudos um modelo incomparável daquela união entre doutrina e piedade, erudição e virtude, verdade e caridade [1] com que Deus orna e agracia os doutores de sua Igreja.
Prova inequívoca disto dão-na os seus próprios escritos, que, além de revelar-nos uma alma profundamente contemplativa, não falam senão dAquele que foi para Tomás, desde sua meninice em Monte Cassino, o objeto principal de seus amores e de sua atenção. Com efeito, do mesmo modo que dizemos ter bom conhecimento de uma cidade apenas quem nela viveu por certo...