Na terceira aula do curso, demos uma definição sumária do que entendemos por temperamento, isto é, o conjunto de inclinações íntimas que brotam da constituição fisiológica de um homem. Na aula seguinte, apresentamos como exaustiva a classificação tradicional dos temperamentos em quatro tipos: colérico, sanguíneo, fleumático e melancólico, em função do grau de excitabilidade e de permanência das impressões.
Hoje, iremos aprofundar-nos um pouco no que deixamos apenas assinalado no final da última aula, a saber: que o temperamento, por ser um traço de índole natural, arraigado na constituição física de cada indivíduo, está intimamente vinculado ao chamado apetite sensitivo.
Para entendermos melhor este ponto, é importante não perder de vista o que já ficou dito na introdução: nós, seres humanos, não somos nem anjos nem simples animais. Somos, ao contrário, um composto de corpo e alma, que constituem esta unidade substancial que identificamos como homem. Por isso, não é correto dizer, como pensavam alguns dualistas antigos, que a natureza humana seria puramente espiritual, e que estaria temporariamente aprisionada em um corpo.
Não. Nem a alma está no...