Depois de termos visto os princípios fundamentais que subjazem à verdadeira devoção e os tipos de falsos devotos que existem, podemos perguntar-nos agora: será que, ao fim e ao cabo, a devoção à Virgem Maria, ainda que útil e recomendável, é verdadeiramente necessária para a nossa salvação? A pergunta pode parecer um pouca ociosa e do interesse, quem sabe, de um pequeno círculo de teólogos. Trata-se, no entanto, de uma questão de fundamental importância, já que nos permite dissipar alguns erros concernentes à noção de “salvação” que circulam hoje em dia.
Sabemos pela Revelação divina que nossos primeiros pais, ao desobedecerem a ordem de não comer do fruto da árvore do bem e do mal (cf. Gn 3, 3), perderam a felicidade que Deus lhes havia concedido nesta terra. É o que vemos representado de maneira clara na expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden, guardado desde então por “querubins armados de uma espada flamejante” (Gn 3, 24). Ora, Deus, se assim o tivesse querido, poderia ter perdoado livre e gratuitamente esta primeira transgressão e, assim, devolver a nossos pais a felicidade que eles, por culpa própria, perderam para si e toda a sua descendência.
O Senhor,...