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Consagração Total a Nossa Senhora

As práticas interiores desta consagração

Embora conte com algumas práticas exteriores, como o Santo Terço e algumas outras orações, a perfeita consagração à Virgem Santíssima só será frutuosa se vivermos aquelas quatro práticas interiores que são como o núcleo essencial dessa devoção: fazer todas as coisas com Maria, em Maria, por Maria e para Maria. 

Sem isso, é impossível ter uma vida verdadeiramente mariana, e as nossas práticas externas perdem o sentido e eficácia que poderiam ter.

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Como viver na prática a nossa consagração à Virgem Santíssima? Apesar de esta devoção contar, sim, com algumas práticas externas, é no interior que consiste o essencial da verdadeira vida mariana. Se não devemos, por um lado, negligenciar ou omitir aqueles exercícios de piedade — a Ave-Maria, o Santo Rosário, a oração do Angelus etc. — tão conhecidos da gente devota, é de suma importância, por outro, termos sempre, e acima de tudo, aquele espírito de entrega e união com Nossa Senhora que é como a nota distintiva dos que vivem realmente a perfeita consagração. Tal espírito de entrega, que deve penetrar e, por assim dizer, empapar a nossa vida consiste em fazer todas as coisas com Maria, em Maria, por Maria e para Maria [1].

a) Fazer todas as coisas por Maria. — Eis o ponto principal desta devoção: “obedecer à Virgem Santíssima, e em tudo conduzir-se por seu espírito” [2]. Os que a ela se consagraram têm de esquecer-se de si mesmos, renunciar a seus caprichos, projetos pessoais, à própria vontade etc., tendo sempre como único cuidado o de em tudo realizar o que é desejo dela. Colocamo-nos entre suas mãos como “um instrumento nas mãos de operário, como uma cítara nas mãos dum artista” [3]. Cumprindo a todo instante a vontade de Maria, podemos estar seguros de que estamos cumprindo também a vontade de Deus, porque não há nada que o Filho queira que não seja querido também pela Mãe. “O espírito de Maria”, escreve São Luís, “é o espírito de Jesus” [4]. Eis porque, ao renunciarmos a nós mesmos e nos darmos à Virgem bendita, entregamo-nos no mesmo ato a Cristo, Nosso Senhor.

b) Fazer todas as coisas com Maria. — Significa tomar a Nossa Senhora como modelo perfeitíssimo de todas as virtudes. Sem isso, nossas práticas exteriores de devoção perdem sentido e valor. Portanto, antes de fazer o que quer que seja, devemos renunciar às nossas próprias luzes, reconhecer humildemente que nada somos e de nada somos capazes por nós mesmos. Por isso, há que recorrer a Maria, procurar agir como ela agiria e considerar com quanto amor, com quanta ternura, com quanta discrição e perfeição ela não faria isto que agora temos de fazer. Ora, é impossível viver assim se não levarmos frequentemente em conta

[...] as grandes virtudes que ela praticou durante a vida, especialmente 1.º) sua fé viva, pela qual creu fielmente e constantemente até ao pé da cruz, sobre o Calvário; 2.º) sua humildade profunda que a levou a esconder-se, a calar-se, a submeter-se a tudo e a colocar-se em último lugar; 3.º) sua pureza virginal, que jamais teve nem terá semelhante sob o céu, e por fim todas as suas outras virtudes [5].

c) Fazer todas as coisas em Maria. — Trata-se aqui de seguir o mesmo caminho que Deus quis seguir para dar ao mundo o seu Unigênito. Assim como foi em Maria que ele formou o seu Filho encarnado, assim também é nela que nós seremos gerados à imagem de Nosso Senhor e nutridos com a graça de Deus. O seio da Virgem, com efeito, “é a sala dos sacramentos divinos, onde Jesus Cristo e todos os eleitos se formaram” [6], é “o verdadeiro paraíso terrestre do novo Adão, de que o antigo paraíso terrestre é apenas figura” [7]. Nela fez a sua morada o Filho de Deus, e nós, como filhos adotivos, também podemos morar no interior de nossa Mãe, que é um jardim de delícias em que vamos encontrar “árvores plantadas pela mão de Deus e orvalhadas por sua unção divina, árvores que produziram e produzem, todos os dias, frutos maravilhosos dum sabor divino” [8]. Quem recusaria, pois, dirigir orações ao Senhor no Oratório mesmo em que ele habitou? Quem hesitaria, mesmo que por um instante, em pôr-se sob a proteção desta Torre de David, fortaleza contra os inimigos da alma?

d) Fazer todas as coisas para Maria. — Por fim, há que fazer tudo para Maria. Uma vez que somos agora escravos seus, nada mais justo do que fazermos todas as coisas para ela. É certo, sim, que Deus é o fim último e supremo de nossa existência, de sorte que todas as nossas ações devem ser, em últimas análise, dirigidas a ele e feitas em atenção a ele. Isso não impede, contudo, que Maria seja para nós um fim próximo, “intermédio misterioso, e o meio mais fácil de chegar” [9] a Nosso Senhor. Fazendo tudo para Maria, daremos mais glória a Deus, já que por meio dela ficamos “mais unidos a Jesus Cristo, seu Filho, com um liame indissolúvel no tempo e na eternidade” [10]: “Glória a Jesus em Maria! Glória a Maria em Jesus! Glória a Deus somente!” [11].

Referências

  1. Cf. São Luís M.ª G. de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 39.ª ed., Petrópolis: Vozes, 2009, p. 241, n. 257.
  2. Id., p. 241, n. 258.
  3. Id., p. 243, n. 259.
  4. Id., p. 244, n. 259.
  5. Id., pp. 244-245, n. 260.
  6. Id., p. 248-249, n. 264.
  7. Id., p. 245, n. 261.
  8. Id., p. 246, n. 261.
  9. Id., p. 249, n. 265.
  10. Id., p. 250, n. 265.
  11. Id., ibid.
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