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Consagração Total a Nossa Senhora

Uma devoção útil aos principiantes

As devoções privadas têm por finalidade atrair e tornar cativo do amor divino o nosso coração, tão afeito ao pecado e avesso à vontade de Deus. Por isso, não há devoção mais excelente e útil do que a devoção à Virgem Maria. Entregando-nos por inteiro aos braços desta Mãe amorosíssima, nós, que aspiramos à santidade, entramos por um caminho seguro em direção àquela perfeição da caridade a que todos fomos chamados.

Nesta terceira aula do curso de Consagração Total à Santíssima Virgem, você descobrirá em que condições o fiel deve se encontrar para poder consagrar-se de verdade à Mãe de Nosso Senhor.

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A Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, do Concílio Vaticano II, afirma que todos os membros da Igreja, “quer pertençam à Hierarquia, quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade” (n. 39). Ora, se é esta a nossa vocação, de que maneira as devoções, em especial a devoção à Virgem Santíssima, podem ajudar-nos a vivê-la plenamente e a alcançar, de fato, aquela perfeição da caridade que é o ápice e como que o coroamento de toda a vida cristã? É sobre isto que nos debruçaremos na presente aula.

Em primeiro lugar, nunca é bastante lembrar que, quando falamos de devoção mariana, e particularmente do método de consagração proposto por São Luís Maria Grignion de Montfort, não nos estamos referindo a uma prática “mágica”. Nem o uso do escapulário ou da Medalha Milagrosa nem a recitação de umas tantas fórmulas, mesmo ao longo de uma vida inteira, têm por si sós o condão de “comprar-nos” o céu. Sem a devoção interior e substancial, da qual falamos na aula passada, e um esforço sincero e constante por mudar de vida, conformando-se às exigências do Batismo, toda e qualquer prática devocional exterior se reduz a um corpo sem alma, a uma matéria sem forma.

Há, porém, um outro extremo que devemos igualmente evitar e que consiste na idéia, propalada por certos espíritos soberbos, de que ninguém pode ser verdadeiro devoto da Virgem Maria se já não tiver alcançado um elevadíssimo grau de santidade. Não falta em nossos dias quem, pelo simples fato de ter-se consagrado a Nossa Senhora, crê orgulhosamente ser melhor do que os outros, como se as práticas preparatórias à consagração e o rito de entrega à Virgem Santíssima garantissem, por si mesmos, a pureza do nosso espírito. É mais do que evidente que esta idéia, além de desagradar o Coração de nossa Mãe bendita, constitui um grande obstáculo à ação santificadora do Espírito Santo em nossa alma, já que Deus, como dizem as Escrituras, “resiste aos soberbos” (Tg 4, 6).

De que modo, então, as devoções podem ajudar-nos em nosso caminho de santidade? Antes de responder a essa pergunta, convém ter presente que a santidade consiste, antes de tudo, na união da alma com Deus por meio do amor, quer dizer, da caridade. “Somente quando com toda exatidão e verdade pudermos repetir o: ‘Já não sou eu quem vivo; é Cristo quem vive em mim’ (Gl 2, 20), poderemos estar seguros de ter alcançado o cume da perfeição cristã” [1]. O fim de nossa vida sobre esta terra, portanto, reside em nos unirmos a Cristo, nosso Deus e Senhor, a ponto de sermos com ele o que a esposa é com o esposo: um só corpo, um só coração, uma só realidade.

E o papel das devoções privadas — e isto é válido sobretudo para os principiantes — é justamente atrair cada vez mais o nosso coração para aquele que, como visto na aula introdutória, é o objeto em que deve terminar, no dizer dos teólogos, ou recair toda prática devocional. A devoção, ao menos deste ponto de vista, assemelha-se a um daqueles “laços humanos e de amor” com que o profeta Oséias diz que o Senhor nos atrai e segura (cf. Os 11, 4). É, para usar outra imagem, como um pequeno incentivo, um doce convite que Deus, servindo-se como Rei todo-poderoso de seus servos e ministros, faz às almas com que deseja ter intimidade.

Eis porque, dentre todas as devoções, aquela que temos à Virgem Maria é não só a mais excelente, mas a que melhor cumpre a sua finalidade. De fato, quem teria medo de entregar-se, com absoluta confiança, aos braços de uma Mãe amorosíssima, confiando-lhe ao mesmo tempo a cabeça e o coração, certo de que, em suas mãos, o mais empedernido dos pecadores pode ir, pouco a pouco, conformando-se à justíssima vontade de Deus?

Ora, se é verdade, por um lado, que a devoção a Nossa Senhora pode ser praticada com verdade e sinceridade até pelos menos progredidos na vida cristã, não deixa de ser menos certo que o ato de consagração total, em virtude de tudo o que ele significa e implica, não deve ser feito com leviandade e ligeireza, como se não houvesse necessidade alguma de viver à altura de tamanha entrega. Trata-se aqui de um ato “muito excelente e heróico, de profunda transcendência e repercussão em toda nossa vida espiritual” [2], e é justamente esta a razão por que ele não deveria ser feito sem uma reflexão madura, o parecer de um bom diretor espiritual e, acima de tudo, o firme propósito de afastar-se de toda falta moral grave.

Ouçamos, à guisa de conclusão, o que o próprio São Luís Maria nos diz a este respeito:

Confesso que, para ser alguém verdadeiramente devoto da Santíssima Virgem, não é absolutamente necessário ser santo ao ponto de evitar todo pecado, conquanto seja este o ideal; mas é preciso ao menos (note-se bem o que vou dizer):

a) Em primeiro lugar, estar com a resolução sincera de evitar ao menos todo pecado mortal, que ofende tanto a Mãe como o Filho;

b) Segundo, fazer violência a si mesmo para evitar o pecado;

c) Terceiro, filiar-se a confraria, rezar o terço, o santo rosário ou outras orações, jejuar aos sábados etc. [3].

Referências

  1. A. Royo Marín, Teología de la Perfección Cristiana. Madrid: BAC, 2012, p. 71, n.49.
  2. Id., p. 98, n.74.
  3. São Luís M.ª G. de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 39.ª ed., Petrópolis: Vozes, 2009, pp. 103-104, n. 99.
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