Para podermos compreender em profundidade o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Maria Grignion de Montfort, nada mais natural do que começarmos nossa reflexão dizendo algumas palavras sobre o conceito mesmo de “devoção”, palavra tão usada quanto mal entendida. Vista no mais das vezes como algo associado a sentimentos e emoções de ordem religiosa, a devoção consiste, em sentido próprio, na prontidão da vontade para entregar-se com fervor a tudo quanto diz respeito ao culto e ao serviço de Deus. Disto já podemos tirar a conclusão de que a nota característica da verdadeira devoção é o amor e que, enquanto ato da virtude da religião, o fim ou termo sobre o qual ela recai não pode ser senão Deus mesmo.
Por esse motivo, a devoção aos santos, e até mesmo a devoção à Virgem Maria, deve ter sempre a Deus, princípio e fim de todas as coisas, por destinatário. Ser devoto da excelsa Mãe do Verbo encarnado, assim como deste ou daquele santo, significa, em última análise, venerar o que neles há de Deus, isto é, venerar nos servos a grandeza, o poder, as perfeições, a bondade etc. do Senhor. Longe de afastar-nos de Deus, como querem alguns, ou de fazer-nos...