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Lutero e o Mundo Moderno

Lutero Antimetafísico

A “Reforma” Protestante seria impensável sem o escolasticismo decadente dos séculos XIV e XV e a obscuridade teológica que pairava sobre as disputas acadêmicas da época, às vezes tão estéreis e quase sempre carregadas de sofismas e inúteis jogos de linguagem.

Foi nesse clima de incerteza e vaguidade doutrinal que contaminava as escolas de então que deu seus primeiros haustos a inteligência de Lutero, cuja formação será marcada decisivamente pela tendência antimetafísica e anti-intelectualista do nominalismo de seus professores.

Em mais esta aula do nosso curso sobre Martinho Lutero, continuamos a aprofundar-nos nas influências que deram forma ao pensamento do pai da “Reforma” e serviram como inspiração de fundo para muitas de suas teses contra a Igreja Católica.

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Na primeira aula do curso, vimos que o pensamento de Lutero, tal qual ele se reflete em seus escritos, não corresponde estritamente ao que veio a tornar-se mais tarde o luteranismo e a sua justificação teológica; na segunda, estudamos como a filosofia nominalista teve um peso decisivo na formação intelectual de Lutero. Falta-nos ainda, como já anunciamos no início do curso, mostrar em que sentido o heresiarca alemão pode ser considerado um ideólogo, ainda que — frisêmo-lo bem — nem o luteranismo nem o protestantismo como tais sejam ideologias, mas construções teológicas posteriores. Por ora, convém-nos explorar mais um pouco a questão da influência nominalista no pensamento de Lutero e, de modo particular, no seu repúdio à teologia escolástica tradicional.

Pois bem, não há dúvida de que Lutero, apesar dos seus erros, foi um homem extremamente culto. Prova-o, entre outras coisas, a sua capacidade de traduzir a Bíblia dos originais e de dominar línguas como o grego, o hebraico e o aramaico, sem contar o seu conhecimento de latim. No entanto, sabe-se que uma das principais deficiências na formação de Lutero foi a sua pouca afeição à metafísica e a formas mais...

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