Como vimos até agora, Lutero, que pretendera subtrair ao papado o governo da Igreja, viu-se obrigado a outorgar aos príncipes o poder de decidir também em questão de fé e administração eclesiástica. Ora, na altura em que nos encontramos, faz cerca de dez anos que o imperador Carlos V se encontrou com o frade agostiniano, por ocasião da Dieta de Worms; entretanto, o tumulto político gerado pela “Reforma” assumiu proporções tais, já não parece admitir solução, pois quase metade do Império Romano-Germânico apostatou da fé e passou a seguir a nova religião.
Neste panorama, uma coisa fica cada vez mais clara para ambos os lados: não é possível ao cristianismo subsistir sem a existência de um poder magisterial, isto é, de uma instância autorizada a ensinar qual é a fé que os cristãos têm de seguir. Com efeito, do lado protestante, os príncipes podem até ter o direito de fazer guerra; mas, se não forem investidos também do poder de determinar o “credo” de seus domínios, o cristianismo por eles pregado inevitavelmente se vaporizaria. Por sua vez, do lado da Igreja Católica, onde a noção de autoridade em matéria de fé e moral nunca foi posta em dúvida, aspira-se à convocação de...