Repisemos, a título de conclusão, o objetivo central deste curso: não era nossa intenção falar da teologia luterana, tal como ela foi se desenvolvendo até se transformar no que hoje conhecemos por luteranismo; o que pretendíamos, antes, era falar da pessoa controvertida de Lutero, na medida em que ela pode ser considerada a causa remota, e não a responsável direta, de uma série de realidades que sustentam, nos dias de hoje, a cultura da morte.
Essas realidades, como vimos ao longo das aulas, são principalmente três: a) de um lado, o sistema financeiro, que surgiu na época de Lutero graças, ao menos em parte, às concessões feitas no campo moral ao pecado da usura; b) de outro, as universidades, que se tornaram o locus próprio da criação de ideologias, devido ao esfacelamento espiritual da unidade dogmática entre os cristãos e à perda de influência do Magistério eclesiástico; c) por último, a submissão prática da Igreja ao Estado, ao qual passa a competir quase de ofício a prerrogativa de decidir se e em que medida os cristãos, enquanto tais, podem ter direito de cidadania e de professar a sua religião.
Nesta última aula expositiva, queremos considerar, não já a...