Vimos anteriormente a estrutura da alma segundo os escritos de Santa Teresa d’Ávila, e toda a complexidade das chamadas primeiras moradas. Vimos, além disso, que o ser humano é, nas palavras de São Paulo, um ser com “corpo”, “alma” e “espírito” (1Ts 5, 23). Esse “espírito” é a causa sobrenatural dos movimentos sobrenaturais no ser humano, ou seja, as obras de amor. Nos santos, por exemplo, testemunhamos a presença de uma caridade que ultrapassa os limites da razoabilidade, como efeito de uma causa proporcionada, que é a ação da graça de Deus.
Também aprendemos que o pecado mortal destrói a graça santificante na alma. Daí a necessidade de lutar contra as insídias do inimigo, do mundo e da carne; uma luta que hoje, na Igreja, é tristemente negligenciada tanto pelos pastores como pelas ovelhas, motivo por que as almas permanecem alienadas do castelo interior, subjugadas pelas artimanhas do maligno. Mas depois do Batismo, ou, se pecamos mortalmente, da absolvição da Confissão — por meio dos quais nos é infundida a graça santificante —, a alma precisa passar por uma fase purgativa, uma espécie de êxodo espiritual, para celebrar a sua páscoa. E isso exige muito trabalho,...