Neste vídeo, vamos responder a uma pergunta bastante oportuna: a COVID-19 é um castigo dos céus? Para isso, primeiramente precisamos esclarecer o conceito de “castigo”.
A maior parte das pessoas, que infelizmente vive em uma cultura sem virtude, compreende o termo “castigo” como um ato de vingança realizado por alguém que está ressentido com alguma coisa. Fosse esse o parâmetro para o conceito de castigo, já poderíamos afirmar taxativamente que a COVID-19 não é um castigo divino, justamente porque Deus não é vingativo. Ao contrário, Ele é um Pai que nos ama com misericórdia infinita.
Por outro lado, se com o termo “castigo” designamos o ato de Deus que, como Pai amoroso, sábio e providente, intervém na história humana, então, podemos sim ver os sofrimentos presentes sob tal perspectiva.
Para um adequado entendimento de tal afirmação, é necessário compreendermos com maior profundidade a realidade do sofrimento na visão cristã, por meio de três pontos fundamentais: i) o sofrimento é consequência do pecado original e de nossos pecados pessoais; ii) o sofrimento, unido ao amor divino, possui um caráter redentor; iii) Deus, na sua infinita sabedoria e providência, enxerga realidades benéficas e maravilhosas às quais não temos acesso.
Assim, precisamos ver os sofrimentos atuais, causados direta ou indiretamente pela COVID-19, como uma oportunidade para amar a Deus. Este momento de tribulação é propício para renovarmos a fé na Providência Divina, nutrirmos a esperança de que o Pai Celeste não irá nos desamparar e vivermos a caridade para com os nossos irmãos, principalmente aquelas pessoas que, neste momento de crise, necessitam de ajuda material ou espiritual. Não podemos ficar alheios a este momento de sofrimento; ao contrário, precisamos vivê-lo de forma eficaz, a fim de recebermos os frutos espirituais que, por meio dele, Deus providencialmente nos reservou.
Voltando à pergunta inicial deste vídeo, podemos compreender a COVID-19 como um castigo divino a partir da seguinte perspectiva: Deus — que é bondade infinita —, permitindo os sofrimentos, faz com que a sua misericórdia e a sua justiça brilhem de tal forma que alguns pecados são castigados e purificados já agora, e a virtude e a glória divina se manifestem naqueles que o amam — já que tudo contribui para o bem dos que amam a Deus (cf. Rm 8, 28). Nas palavras do Pe. Antonio Royo Marín, “Aquele que nos visita e açoita com a dor não é [...] um tirano que desafoga seus caprichos cruéis, mas um juiz que castiga as ofensas à majestade da lei; um pai que castiga para corrigir; um médico que nos receita um medicamento amargo a fim de devolver-nos a saúde” (Nada te turbe, nada te espante. Madrid: Palabra, 2003, pp. 23).
Ao mesmo tempo que permite alguns males, porém, Deus também exerce sua clemência. Ele é clementíssimo, no sentido de que, ao aplicar um castigo, não o faz realizando tudo aquilo que deveria, mas apenas uma pequena parte. Em suas aparições, Nossa Senhora destaca como Deus é clemente poupando-nos de tantos castigos dos quais somos merecedores.
Por fim, também precisamos ver os sofrimentos do tempo presente — a privação dos sacramentos, por exemplo — como uma pequena preparação para a grande tribulação (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 675) pela qual a Igreja, um dia, terá de passar.
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